Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os produtores de soja do Brasil expandirão a área plantada para 40 milhões de hectares em 2021/22, temporada cujo plantio começa em setembro, versus 38,5 milhões de hectares semeados no ciclo anterior, cuja colheita está caminhando para a reta final, estimou o adido do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês).
Com isso, ele avalia que a produção na próxima safra poderá atingir nova máxima histórica de 141 milhões de toneladas, versus 134 milhões projetados para o ciclo atual.
"A expansão da soja está baseada nas atuais condições e tendências do mercado --incluindo forte demanda, preços altos e uma taxa de câmbio favorável. Todas essas condições devem persistir até a safra 2021/22", disse o adido, em relatório publicado na noite de terça-feira.
Dessa forma, ele projeta as exportações da oleaginosa brasileira em recorde nesta temporada de 85 milhões de toneladas. Para 2021/22, os embarques estão estimados em uma nova máxima histórica de 87 milhões de toneladas.
O Brasil, líder na exportação e produção de soja que responde por mais de um terço da oleaginosa colhida no mundo, poderia ter um aumento no plantio que superaria a taxa anual de crescimento de área plantada de 3% vista nas últimas cinco temporadas.
De acordo com os cálculos, o aumento de área plantada acumulado nas últimas cinco safras do Brasil é de quase 14%, ou 4,7 milhões de hectares.
Contatos do adido em Mato Grosso sugerem que a área plantada no principal Estado produtor deverá crescer 3% na próxima temporada.
Segundo o adido, além de boas condições de mercado pelos preços e câmbio, com a forte demanda da China e da Europa, o Brasil tem reduzido custos com a logística, dando maior competitividade para a safra brasileira, o que ajuda a explicar a projeção de um crescimento do plantio acima da linha de tendência.
Ele citou as melhorias na BR-163, que permitem um escoamento a menores custos pelo porto fluvial de Miritituba (PA) e posteriormente para a exportação pelo Norte do país. Tais avanços na infraestrutura reduziram em quase 25% o custo do transporte de soja de Mato Grosso até portos de Santarém (PA) entre 2019 e 2020, com base em dados do USDA.
MILHO
Na esteira do aumento da soja, a produção de milho também deverá crescer de 105 milhões de toneladas em 2020/21 --após problemas climáticos na atual temporada-- para 114 milhões de toneladas em 2021/22.
O adido também prevê que a área de milho vai se expandir em 500 mil hectares de um ano para outro, para um total de 20 milhões de hectares em 21/22, uma vez que os preços devem permanecer altos pelo menos até o final de 2021, considerando a forte demanda.
"Como tem acontecido neste ano, produtores brasileiros devem ser incentivados a expandir o plantio de milho em 2021/22, principalmente no Centro-Oeste", disse ele.
"Considerando a tendência de produtividade, o Brasil poderia quebrar facilmente seu recorde de produção de milho", disse ele, pontuando que isso também dependerá do clima para o desenvolvimento da segunda safra.
O adido estima que a área plantada de algodão no Brasil de 2021/22 no Brasil vai se recuperar para 1,6 milhão de hectares, com uma expansão de 11% ante a temporada atual, mas ficará abaixo do recorde de 1,67 milhão de 2019/20.
Segundo ele, os produtores no Brasil aumentarão a área plantada anualmente com base na recuperação econômica global e numa melhora da demanda por algodão, à medida que o mundo tenta se recuperar da pandemia de coronavírus.
Preços globais fortes e câmbio vão motivar produtores plantar algodão, "até porque o setor já tem os equipamentos necessários para colheita de até 3 milhões de toneladas de algodão, conforme evidenciado pela safra 2019/20", disse o adido.
O recorde no plantio não deverá ser alcançado em 2021/22 porque o custo subiu e outras culturas como soja e milho estão com bons retornos, acrescentou ele.