SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de uma safra recorde no Brasil tem pressionado as cotações da soja, que atingiram nesta semana os menores valores nominais desde o final de 2021, de acordo com análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
"Os preços internos da soja têm sido pressionados pelo avanço na colheita da safra 2022/23, que segue estimada em volume recorde de 153 milhões de toneladas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), e pela desvalorização cambial, que torna a commodity dos Estados Unidos mais atrativa aos importadores em detrimento das brasileiras...", disse o Cepea.
Os EUA são os principais concorrentes do Brasil nas exportações da oleaginosa.
Na quinta-feira, o Indicador Cepea/Esalq - Paraná caiu 1,4% em relação à quinta-feira anterior, para 159,73 reais/saca de 60 kg, o menor valor diário desde 16 de novembro de 2021.
O Indicador Esalq/BM&FBovespa - Paranaguá (PR) recuou 1,2% no mesmo comparativo, passando para 167,24 reais/saca, o mais baixo desde 14 de dezembro de 2021.
No acumulado do ano, o preço da soja Paraná caiu quase 10%.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de 2 a 9 de março, os preços cederam 1,5% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 1% no de lotes (negociações entre empresas). Quanto ao dólar, a desvalorização foi de 1,3% entre 2 e 9 de março, a 5,134 reais na quinta.
A queda nos preços domésticos foi limitada pelas estimativas de maior exportação da soja brasileira, prevista pelo USDA em 92,7 milhões de toneladas, 17,16% superior à safra passada, acrescentou o Cepea.
"Embora o USDA tenha reajustado o estoque final da soja no Brasil em 2,14% abaixo do previsto em fevereiro, o volume estimado, de 31,53 milhões de toneladas, ainda é o maior das últimas cinco temporadas", acrescentou o centro de estudos.
(Por Roberto Samora)