Frankfurt (Alemanha), 3 nov (EFE).- O novo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, estreou nesta quinta-feira no cargo com uma redução das taxas de juros de 1,5 a 1,25%, perante a ameaça que a economia da zona do euro entre em recessão pela crise de endividamento soberano.
"Observamos agora um crescimento lento em direção a uma recessão suave no final do ano", disse Draghi em entrevista coletiva, após a reunião na qual o conselho de Governo decidiu "por unanimidade" o corte nos juros a partir de 9 de novembro.
A decisão do Conselho do BCE surpreendeu os mercados e a maioria dos analistas, que tinham previsto que a entidade monetária deixaria a taxa inalterada. O euro caiu após a divulgação da decisão para US$ 1,3756.
A decisão do BCE de diminuir os juros mostra a preocupação da entidade monetária com os riscos sobre a conjuntura econômica da zona do euro, por causa da crise de endividamento soberano. Por isso, é possível que a queda das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real em 2012 seja revisada.
O BCE publicará em dezembro suas novas projeções macroeconômicas. Em setembro, a instituição previu um crescimento econômico médio de 1,6% para este ano e 1,3% para 2012.
Draghi disse que a inflação permaneceu elevada, e possivelmente superará 2% nos próximos meses, embora seja esperado que o encarecimento dos preços caia ao longo de 2012 abaixo de 2%.
O economista-chefe do Commerzbank, Jörg Krämer, prevê que o BCE cortará novamente as taxas de juros de forma moderada no início do próximo ano.
Draghi esclareceu que a decisão de cortar as taxas de juros não tem relação com o programa de compra de dívida soberana, com o qual ajuda os países que têm dificuldades para se refinanciar no mercado.
O novo presidente do BCE, que substitui Jean-Claude Trichet, enfatizou que esta medida extraordinária, realizada em maio de 2010 para ajudar a Grécia e reativada em agosto para apoiar a Espanha e a Itália, é "de caráter temporário, limitada em sua extensão e justificada para restaurar o mecanismo de transmissão da política monetária".
O programa pode ser interrompido assim que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) intervir no mercado secundário.
Draghi descartou a possibilidade de o BCE fazer empréstimos de último recurso para resgatar países com dificuldades financeiras, mas alguns especialistas consideram que a entidade comprará muita mais dívida soberana caso seja necessário.
O presidente do BCE concluiu dizendo que a estabilidade financeira está nos Governos. EFE