Boom das criptos: quais ações do setor podem surpreender na alta?
Por Ella Cao e Lewis Jackson e Chandni Shah
(Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu no domingo que a China quadruplique suas compras de soja antes do prazo final de uma importante trégua tarifária, o que fez os preços da soja em Chicago dispararem, embora analistas tenham rapidamente questionado a viabilidade de qualquer acordo do tipo.
Em postagem feita tarde da noite no Truth Social, Trump disse que a China estava preocupada com a escassez de soja e que esperava que o país quadruplicasse rapidamente os pedidos da oleaginosa dos EUA.
"Um serviço rápido será prestado. Obrigado, Presidente XI", disse Trump na postagem.
O contrato de soja mais ativo na Bolsa de Chicago (CBOT) saltava 2,2%, para US$10,09 o bushel às 7h (horário de Brasília) desta segunda-feira, após a publicação de Trump.
A China, o maior comprador de soja do mundo, importou cerca de 105 milhões de toneladas do grão no ano passado, um pouco menos de um quarto vindo dos Estados Unidos e a maior parte do restante do Brasil. Quadruplicar os embarques exigiria que a China importasse dos EUA a maior parte de sua soja.
"É altamente improvável que a China venha a comprar quatro vezes o volume habitual de soja dos Estados Unidos", disse Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, sediada em Pequim.
Uma trégua tarifária entre Pequim e Washington deve expirar em 12 de agosto, mas o governo Trump deu a entender que o prazo pode ser prorrogado. Não está claro se garantir o acordo da China para comprar mais soja dos EUA é uma condição para estender a trégua, já que Trump busca reduzir o superávit comercial da China com os EUA.
Os futuros do farelo de soja na China caíram 0,65%, para 3.068 iuanes por tonelada, devido a expectativas de que as importações dos EUA poderiam aumentar a oferta.
O Ministério do Comércio da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
Segundo o acordo comercial da Fase Um, assinado durante o primeiro mandato de Trump, a China concordou em aumentar as compras de produtos agrícolas dos EUA, incluindo a soja. No entanto, Pequim ficou muito aquém do cumprimento dessas metas.
Este ano, em meio às tensões comerciais entre Washington e Pequim, a China ainda não comprou nenhum grão norte-americano para o quarto trimestre, alimentando preocupações com a aproximação da temporada de exportação da safra dos EUA.
"Do lado de Pequim, houve vários sinais de que a China está preparada para renunciar totalmente à soja dos EUA este ano, inclusive reservando aquelas cargas de teste de farelo de soja da Argentina", disse Even (BVMF:EVEN3) Rogers Pay, analista agrícola da Trivium China.
A Reuters informou anteriormente que os fabricantes de ração chineses compraram três cargas de farelo de soja argentino, com o objetivo de garantir suprimentos sul-americanos mais baratos em meio a preocupações sobre uma possível interrupção no fornecimento de soja no quarto trimestre.
O setor de soja dos EUA tem buscado compradores alternativos, mas nenhum outro país se equipara à escala da China. No ano passado, a China importou 22,13 milhões de toneladas de soja dos EUA e 74,65 milhões de toneladas do Brasil.
(Reportagem de Chandni Shah em Bengaluru e Ella Cao em Pequim; reportagem adicional de Kevin Yao)