Por Anthony Esposito
SANTIAGO (Reuters) - Sem fim à vista para a seca que castiga o Chile há vários anos, o governo irá investir em usinas de dessalinização e em reservatórios para garantir o acesso à água potável, disse a presidente chilena, Michelle Bachelet, nesta terça-feira.
A seca, que começou em 2007, está prejudicando a produção de cobre do maior exportador mundial do metal, exacerbando os incêndios florestais, causando aumento nos preços da energia e afetando a agricultura.
No sul do país, o mês de janeiro deste ano foi um dos mais secos de que se tem registro, e em muitos lugares sequer choveu. No norte, onde se encontra o deserto do Atacama, que já é o mais seco do mundo, os climatologistas temem o aumento da desertificação.
Os cientistas afirmam haver uma tendência de longo prazo de condições cada vez mais secas, ligadas à mudança climática.
"Diante desta situação crítica, não há outra escolha senão supor que a falta de recursos hídricos é uma realidade que veio para ficar e que ameaça o desenvolvimento de regiões importantes de nosso país", discursou Bachelet em rede nacional de televisão.
Cerca de 170 milhões de dólares serão investidos em 2015 para acessar fontes de água subterrâneas, construir e modernizar canais e melhorar sistemas de irrigação, disse ela.
No médio prazo, usinas de dessalinização de pequeno porte e represas serão desenvolvidas para suprir água potável, afirmou Bachelet.
Seus comentários coincidiram com as primeiras chuvas do outono do hemisfério sul nas regiões áridas do centro e do norte do país.
Os meteorologistas têm esperança de uma estação de chuvas entre normal e ligeiramente acima do normal este ano, mas alertaram que a precipitação deve cair significativamente nos próximos anos.
Entre 2030 e 2059, está previsto que a precipitação irá diminuir entre 40 e 50 por cento no centro-sul do Chile, que abriga a capital, Santiago, disse o meteorologista Ricardo Alcafuz.
(Reportagem adicional de Antonio de la Jara)