LONDRES/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas antecipadas da próxima safra de café arábica do Brasil devem estão mais altas que o normal para esta época do ano, com os produtores buscando garantir os lucros oferecidos pela alta cotação do dólar, disseram corretores e analistas.
Produtores brasileiros impulsionaram as vendas para maximizar os retornos em moeda local obtidos no mercado internacional, em que as negociações ocorrem em dólar.
"Vimos os produtores, no fim do ano passado e neste ano, vendendo antecipadamente uma parte maior da próxima safra do que veríamos normalmente", disse o consultor Gil Barabach, especialista de café da Safras e Mercado, em São Paulo.
"O dólar forte ante o real está aumentando uma tendência natural no Brasil, de o produtor tipicamente vender a colheita que está se aproximando em um ano bom", adicionou Barabach.
"Então, eles podem comprar mais barato no auge na colheita para cobrir estas vendas futuras se precisarem, ou simplesmente entregar os próprios grãos."
Nas duas temporadas anteriores a seca tinha interrompido essa tendência porque produtores estavam preocupados sobre o resultado da colheita, que começa aproximadamente em maio.
Um risco da estratégia de grandes vendas antecipadas é uma colheita chuvosa, que pode limitar a quantidade de grãos que atinjam os requerimentos de qualidade nos quais o produtor negociou a venda.
"A conversa do mercado é que os produtores brasileiros venderam antecipadamente entre 15 a 20 por cento da safra 2016/17 do Brasil", disse um corretor europeu. "O real está atrativo para produtores fecharem negócios."
Comerciantes disseram, que considerando um clima normal, as vendas antecipadas de café arábica brasileiro devem permanecer aquecidas nas próximas semanas antes da colheita, com expectativas de que o dólar permaneça valorizado ante o real este ano.
Corretores cotaram o café arábica brasileiro MTGB "bebida boa" entre 18 centavos e 20 centavos de dólar abaixo do contrato para março negociado na bolsa de Nova York essa semana e o café arábica colombiano Excelso entre 10 centavos de dólar a 14 centavos de dólar acima dos contratos para março em Nova York.
(Por David Brough e Reese Ewing)