Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A catarinense WEG tem buscado reduzir o custo de produção da unidade de turbinas eólicas, que ficou mais competitiva com a ajuda do real desvalorizado, a fim de que possa se tornar plataforma de exportações, conforme a recessão no Brasil cria dúvidas sobre a demanda por equipamentos nos próximos anos, disse um diretor da empresa à Reuters.
"Não vou me atrever a dizer que estamos mais baratos que a China, não é o caso. Agora, acredito que à medida que o Brasil se profissionaliza, aumenta sua produtividade na cadeia eólica, com essa situação de câmbio nós temos condição de competir", disse o diretor de energia eólica da empresa, João Paulo Gualberto.
Ele disse que somente neste ano a companhia cortou em 3,5 por cento o custo do aerogerador, devido a iniciativas voltadas a elevar as margens de lucro no segmento.
Com isso, ele avalia que as máquinas produzidas no Brasil podem já estar mais baratas que as originadas nos Estados Unidos ou Europa, o que favoreceria exportações para mercados próximos, como as Américas e a África.
"Não estaria limitado a esses mercados, mas eles são as melhores oportunidades para fabricantes de aerogeradores e subcomponentes instalados no Brasil", apontou.
O mercado externo poderia ser uma saída para manter a atividade nas fábricas eólicas em um cenário de menor expansão da capacidade do Brasil nos próximos anos, devido à redução da demanda por energia.
Gualberto disse que a WEG já soma 700 megawatts em turbinas eólicas vendidas, o que garantirá a plena ocupação de sua fábrica até meados de 2018, quando seriam necessários novos pedidos.
A dúvida é justamente quanto ao ritmo de realização dos próximos leilões de energia pelo governo federal.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse na semana passada que deverão ser realizados diversos certames neste ano, mesmo com a demanda em baixa.
Embora Tolmasquim não tenha adiantado números sobre a contratação, a sinalização animou o executivo da WEG, que defende a manutenção de um ritmo mínimo de contratação de novas usinas.
"O governo tem que olhar para o setor eólico com visão estratégica. É importante que a gente mantenha a cadeia produtiva viva nesse período de crise, em que a gente está começando a pensar em exportar...que não mate a cadeia em função de um ou dois anos de contratação ruim", disse Gualberto.
No momento, segundo ele, quase não há empresas buscando aerogeradores no mercado-- praticamente todos parques viabilizados em leilões nos últimos anos já fecharam contratos de fornecimento.