Por Jeff Mason e Julie Steenhuysen
WASHINGTON (Reuters) - Quando o presidente Joe Biden chegou ao poder, seu governo deixou claro que pretendia combater a pandemia de Covid-19 com foco na vacinação do país. Com a variante Delta do coronavírus se disseminando de maneira feroz e uma grande parte dos norte-americanos rejeitando as vacinas, essa estratégia agora está sob avaliação.
Quando o democrata Biden assumiu a Presidência no lugar do republicano Donald Trump em 20 de janeiro, cerca de 400.000 pessoas haviam morrido nos Estados Unidos pela Covid-19 e milhares continuavam falecendo todos os dias. A imunização havia acabado de ficar disponível.
A equipe de Biden avançou com uma grande campanha de vacinação e incentivo envolvendo 42.000 farmácias, dezenas de locais de vacinação em massa, empresas de carona, uma fabricante de cerveja e 5.100 militares da ativa. Autoridades se espalharam pelo país para pregar uma mensagem bem definida: vacinar significa voltar ao normal.
Em muitas partes dos Estados Unidos, funcionou. Milhões fizeram fila para receber as doses, e a taxa de vacinação cresceu ao redor do país. Casos diários de Covid-19, internações e mortes despencaram.
Mas o foco nas vacinas foi acompanhado de uma queda nos testes de Covid-19, mensagens conflitantes sobre máscaras, a incapacidade de antecipar um forte sentimento antivacinação, desinformações e a própria habilidade do vírus de mudar rapidamente em variantes mais fortes, dizem alguns críticos.
"Para proteger o país da Covid, você precisa de várias estratégias", afirmou o médico Peter Chin-Hong, especialista em doenças infecciosas e professor da Universidade da Califórnia em São Francisco. "Entramos na onda e na empolgação das vacinas às custas de outras estratégias centrais da pandemia."
SUBESTIMANDO O MOVIMENTO ANTIVAX
A recusa dos norte-americanos de tomar vacinas grátis e amplamente disponíveis que os protegem de ficarem seriamente doentes e de morrerem tem deixado a Casa Branca de Biden confusa.
As vacinas no geral protegem as pessoas de contraírem e transmitirem a variante Delta, embora haja casos raros em que mesmo alguém totalmente imunizado pode pegar o vírus e passá-lo adiante.
Biden tem se referido cada vez mais à situação como a pandemia dos não-vacinados.
"É apenas a infeliz fusão de duas coisas: o vírus evoluiu para ser extraordinariamente eficiente na transmissão de pessoa a pessoa... sobreposto a uma quase inexplicável resistência à vacinação", afirmou o principal especialista em doenças infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, à Reuters.
Fauci disse que o governo federal dependerá, pelo menos em parte, de escolas e empresas determinarem a vacinação de alunos e funcionários para aumentar as taxas empacadas de vacinação.
Até 27 de julho, os Estados Unidos estavam no ritmo para vacinar 70% da sua população até 16 de dezembro, muito depois da maioria dos países desenvolvidos, segundo análise da Reuters.
FIM DAS MÁSCARAS COMO RECOMPENSA
O governo Biden tentou criar incentivos para pessoas de todos os espectros políticos ao enfatizar que, de acordo com orientações do CDC atualizadas na primavera do hemisfério norte, todos que recebessem suas doses de vacina poderiam se locomover sem cobrir a boca e o nariz.
Mas críticos afirmam que a orientação sobre o uso de máscara tem sido confusa.
Na terça-feira, o CDC reverteu essa posição de maneira parcial, encorajando norte-americanos vacinados a usarem máscaras novamente em locais públicos fechados em regiões onde a variante Delta está se espalhando rapidamente.
"Eu honestamente acho que é como colocar a pasta de dente de volta no tubo", disse Carlos del Rio, professor de medicina e epidemiologia de doenças infecciosas na Universidade Emory, em Atlanta, se referindo a fazer as pessoas usarem máscaras novamente.
(Reportagem adicional de Carl O'Donnell e Howard Schneider)