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Coronavírus atinge 74 profissionais de plataformas de petróleo, diz ANP

Publicado 14.04.2020, 18:44
© Reuters. Edifício que sedia a ANP, no Rio de Janeiro
PETR4
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Por Marta Nogueira e Gram Slattery

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil já registrou 126 casos confirmados de Covid-19 em empresas de exploração e produção de petróleo e gás, sendo que 74 desses profissionais acessaram instalações marítimas de perfuração e produção, segundo levantamento da reguladora ANP enviado à Reuters.

Há ainda outros 897 casos suspeitos em investigação, de acordo com a autarquia, que evitou dar detalhes sobre os profissionais e as empresas envolvidas.

A ANP disse que não registrou qualquer morte por coronavírus entre profissionais da área de exploração e produção de petróleo.

"O protocolo de segurança determina o desembarque, além dos sintomáticos, de toda e qualquer pessoa que teve contato com casos confirmados, ensejando, no caso em que não é possível manter o staff mínimo para operação segura, na parada de produção", disse a autarquia.

Questionada se alguma unidade parou a produção, a ANP não comentou o assunto.

Até o momento, houve notícias de grande número de infectados confirmados em duas plataformas de óleo e gás no Brasil, ambas em campos da Petrobras (SA:PETR4), uma operada pela holandesa SBM Offshore e a outra pela japonesa Modec, duas importantes empresas globais do setor.

As duas afretadoras informaram à Reuters nesta terça-feira estarem dando todo o suporte necessário aos empregados, além de terem reforçado as atividades de segurança, incluindo a realização de testes nos funcionários antes do embarque.

No caso da SBM, a empresa confirmou na semana passada um "número significativo de tripulantes" contaminados pelo vírus a bordo de uma de suas plataformas no Brasil, após notícias de dezenas de casos em sua unidade do tipo FPSO chamada Capixaba, na parcela capixaba da Bacia de Campos.

Já a Modec confirmou casos positivos para Covid-19 em sua plataforma do tipo FPSO Cidade de Santos, na Bacia de Santos.

Nesse caso, a empresa confirmou a paralisação da operação da plataforma, no campo Uruguá, até que atividades de limpeza e desinfecção sejam concluídas.

Além de evidenciar a ampliação do contágio do vírus na importante indústria de petróleo do Brasil, os números também destacam o desafio que os produtores de petróleo e as empresas de serviços enfrentam enquanto tentam realizar suas operações, ao mesmo tempo em que seguem atividades de prevenção.

PAPEL DA PETROBRAS

As companhias do setor de petróleo, quando questionadas, não têm detalhado os casos de coronavírus em suas instalações, alegando respeito à privacidade de seus colaboradores.

Mas uma apresentação interna da Petrobras vista pela Reuters apontou que 59 casos suspeitos e 19 confirmados haviam sido registrados apenas na unidade operacional da Bacia de Santos até o último dia 8.

Todos os casos confirmados, segundo o documento, estavam na FPSO Cidade de Santos.

© Reuters. Edifício que sedia a ANP, no Rio de Janeiro

Os casos suspeitos, relatados na apresentação, estavam espalhados por mais de uma dúzia de instalações marítimas e em terra, incluindo 11 casos suspeitos em uma plataforma no campo de Lula, o maior produtor do Brasil, e 21 casos em um prédio da Petrobras na cidade de Santos.

Adaedson Costa, coordenador-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), criticou a Petrobras por manter os sindicatos no escuro sobre o número de casos e mortes por coronavírus na estatal. Ele afirmou ainda que os representantes dos trabalhadores foram impedidos de participar de um comitê para a formulação de ações devido à pandemia.

Procurada, a Petrobras afirmou que não informa quando algum colaborador tem confirmação ou complicações decorrentes da Covid-19, por respeito à privacidade dos trabalhadores e de suas famílias, além de reiterar todos os cuidados que vem adotando desde o início da pandemia.

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