Por Aislinn Laing e Marion Giraldo
SANTIAGO (Reuters) - Países das Américas podem enfrentar uma disparada de casos de coronavírus pior do que a alta anterior ocorrida no ano passado, e nações como Brasil, Uruguai e Cuba já estão sofrendo mais, alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta quarta-feira.
A diretora-geral da Opas, Carissa Etienne, disse que o final do verão do Hemisfério Sul, vindo na esteira de feriados nos quais pessoas se aglomeraram e disseminaram casos, tem provocado altas de caos, e pediu que as pessoas fiquem em casa e que os governos "pensem bem" antes de relaxarem as restrições à circulação.
Mais de 19,7 milhões de casos de Covid e 475 mil mortes já foram relatadas neste ano nas Américas, disse.
Vacinas estão sendo distribuídas na região, onde 124 milhões de pessoas receberam uma dose e 58 milhões receberam as duas, informou a Opas.
Imunizantes começaram a chegar através da aliança de vacinas Covax, sendo 2,5 milhões nos últimos 30 dias, e todos os países da região receberão algumas doses da Covax na próxima semana, de acordo com Jarbas Barbosa, diretor-assistente da Opas.
O suprimento de vacinas "continua sendo nosso maior desafio", admitiu Etienne, dizendo que a organização está "vasculhando" o globo para encontrar mais remessas e pedindo a países que cedam seus excedentes.
Tem havido "exemplos demais" de nacionalismo da vacina, disse.
"O sistema atual está programado para ser desigual, e isto não é aceitável".
No momento, Brasil, Peru, Chile e Paraguai estão relatando seus maiores índices de mortes relacionadas à Covid, e o influxo recente de casos está sobrecarregando os hospitais, disse a Opas.
Ao menos uma das três "variantes de preocupação" da Covid foram identificadas em 32 países da região. A P.1 brasileira está presente na Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Venezuela, Peru, Estados Unidos, Canadá e México.
A Opas ainda está estudando o impacto das variantes, disse a entidade, mas seu gerente de incidentes, doutor Sylvain Aldighieri, destacou relatos do Brasil segundo os quais jovens adultos estão lotando unidades de tratamento intensivo dos hospitais em números maiores do que em 2020.
A variante P.1 está "contribuindo claramente" para a proliferação de casos no Brasil, acrescentou.