SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil engatou nesta sexta-feira o terceiro dia consecutivo com o registro de mais de 2 mil mortes por Covid-19, ao somar 2.216 novos óbitos, cifra que eleva o total de vítimas fatais da doença no país a 275.105, segundo o Ministério da Saúde.
O país já havia contabilizado 2.286 óbitos na quarta-feira e 2.233 na quinta, nas duas primeiras ocasiões em que superou a casa do segundo milhar. A média móvel de 14 dias para as mortes atingiu nesta sexta 1.590, um novo recorde.
Além disso, também foram registrados 85.663 novos casos de coronavírus, com o total de infecções confirmadas no país alcançando 11.363.380.
Este é o segundo maior número de casos notificados pelo Brasil em um único dia ao longo da pandemia, ficando abaixo somente das 87.843 infecções contabilizadas no dia 7 de janeiro.
Isso faz ainda com que o Brasil volte a ultrapassar a Índia em contaminações, reassumindo o posto de segundo país com maior número de casos da doença. A nação asiática reportava nesta sexta um total de 11.308.846 infecções, de acordo com contagem da Reuters.
O Brasil é também o segundo país com maior número de óbitos por Covid-19. Em ambos os aspectos --casos e mortes-- fica abaixo somente dos Estados Unidos.
Segundo o Ministério da Saúde, houve um incremento de 23% no número de registros de óbitos ao longo da última semana epidemiológica, enquanto em uma janela de 14 dias essa alta atinge 26%.
"Tivemos, a partir do final do ano de 2020, e particularmente no início deste ano, um recrudescimento muito significativo tanto de casos quanto de óbitos", disse em entrevista coletiva o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros.
"O fato concreto é que nós estamos vivendo, nas últimas semanas, os momentos mais críticos da pandemia no nosso do país", acrescentou Medeiros, que pediu para que a população evite aglomerações, realize distanciamento social e utilize máscaras e álcool gel.
Diante desse grave cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a manifestar preocupação com o país nesta sexta-feira.
"A menos que medidas sérias sejam tomadas, a tendência de alta, agora sobrecarregando o sistema de saúde e superando sua capacidade, resultará em mais mortes", afirmou em entrevista coletiva o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O principal especialista em emergências da OMS, Mike Ryan, acrescentou que o Brasil está caminhando em uma direção diferente de muitos outros países das Américas, e que será necessário um "esforço enorme" para reverter a situação diante da sobrecarga dos hospitais.
O posicionamento da OMS ecoa nota publicada na véspera pela Fundação Oswaldo Cruz, que destacou que o Brasil responde atualmente por 10,3% das mortes por Covid-19 no mundo, além de 9,5% dos casos, embora tenha apenas 3% da população global.
"Os recordes de novos casos e óbitos vêm sendo superados diariamente, acompanhados por uma situação de colapso dos sistemas de saúde em grande parte dos estados e municípios", disse em nota a Fiocruz, que defende a adoção de medidas restritivas mais rígidas para barrar o avanço do vírus.
Nesse sentido, diversos governadores têm reforçado a imposição de restrições. As medidas, porém, são sistematicamente atacadas pelo presidente Jair Bolsonaro --que disse, na véspera, que "se (a economia) colapsar, vai ser uma desgraça".
Segundo Bolsonaro, a intenção das restrições é apenas "atingir a figura do presidente".
Estado mais afetado pelo coronavírus em números absolutos, São Paulo atingiu as marcas de 2.179.786 casos e 63.531 mortes.
Na quinta-feira, o governo paulista anunciou uma "fase emergencial" com medidas de contenção mais duras, que incluem um toque de recolher e o fechamento de comércios, entre 15 e 30 de março.
Minas Gerais é o segundo Estado com maior número de infecções pelo coronavírus registradas, 956.468 casos, mas o Rio de Janeiro é o segundo com mais óbitos contabilizados, com 34.210 mortes.
O Ministério da Saúde ainda reporta 10.000.980 pessoas recuperadas da Covid-19 e 1.087.295 pacientes em acompanhamento.
(Por Gabriel Araujo)