Por Cecile Mantovani
PREVESSIN, França (Reuters) - Cientistas do centro de pesquisa de física da Europa vão acionar nesta semana o Grande Colisor de Hádrons (LHC), de 27 quilômetros de extensão, a máquina que encontrou a partícula do bóson de Higgs, após um desligamento para manutenção e atualizações que foi prolongado pela Covid-19.
Reiniciar o colisor é um procedimento complexo, e pesquisadores do centro Cern têm champanhe à mão se tudo correr bem, pronta para se juntar a uma fileira de garrafas na sala de controle celebrando marcos, incluindo a descoberta da partícula subatômica há uma década.
"Não é apertar um botão", disse Rende Steerenberg, responsável pelas operações da sala de controle, à Reuters. "Isso vem com uma certa sensação de tensão, nervosismo."
As armadilhas potenciais incluem descoberta de uma obstrução; encolhimento dos materiais devido a uma oscilação de temperatura de quase 300 graus; e dificuldades com milhares de ímãs que ajudam a manter bilhões de partículas em um feixe apertado enquanto circulam o túnel do colisor abaixo da fronteira franco-suíça.
Steerenberg disse que o sistema tem que funcionar "como uma orquestra".
"Para que o feixe circule, todos esses ímãs precisam desempenhar as funções certas e as coisas certas no momento certo", afirmou ele.
Os físicos esperam que a retomada ajude em sua busca pela chamada "matéria escura" que está além do universo visível. Acredita-se que a matéria escura seja cinco vezes mais prevalente do que a matéria comum, mas não absorve, reflete ou emite luz. As buscas até agora foram infrutíferas.
"Vamos aumentar drasticamente o número de colisões e, portanto, a probabilidade de novas descobertas também", disse Steerenberg, que acrescentou que o colisor deve operar até outro desligamento de 2025 a 2027.