SÃO PAULO (Reuters) - Concessionários de veículos confirmaram nesta quinta-feira forte queda nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em março, após a série de medidas de quarentena adotadas no Brasil como forma de conter a epidemia de Covid-19.
Os licenciamentos de veículos novos no país no mês passado recuaram 18,6% na comparação com fevereiro e desabaram quase 22% frente a março de 2019, para 163,6 mil unidades, com os maiores tombos sentidos nos emplacamentos de carros (20,5% e 23%, nas mesmas comparações) e ônibus (29,7% e 35,4%), segundo dados divulgados pela associação de concessionárias, Fenabrave.
As vendas de caminhões novos se mostraram mais resilientes, recuando "apenas" 0,4% na comparação mensal e 15% na anual, para 6.483 unidades.
A Fenabrave defendeu as medidas de quarentena adotadas por governos estaduais e municipais, mas ponderou que o setor precisa saber quando poderá reabrir as portas.
"Não queremos colocar a vida de ninguém em risco, mas precisamos de uma certa previsibilidade sobre quando voltaremos a operar, assim como necessitamos de medidas que permitam, às empresas e pessoas, postergar despesas, às quais, não terão condições de pagar nesse momento", disse o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, em comunicado à imprensa.
"Sabemos que a prioridade é a saúde da população, mas, a continuar como está, em um mês de estagnação, cerca de 20% dos empregos do nosso setor podem ser comprometidos, pois os concessionários estão sem receita e têm despesas fixas", disse o executivo. "Por enquanto, as concessionárias estão segurando a situação como podem, antecipando férias, utilizando banco de horas, mas, chegará um momento em que isso não se sustentará", disse o presidente da Fenabrave.
O setor de distribuição de veículos emprega cerca de 315 mil trabalhadores no Brasil, segundo a entidade.
MOTOCICLETAS CAEM MENOS
A Fenabrave também representa concessionários de motocicletas, outro segmento que mostrou quedas mais contidas nos emplacamentos, de 5,6% frente a fevereiro e de 10% ante março do ano passado, para 75,4 mil unidades. Segundo a entidade, isso ocorreu por causa do aumento da demanda dos consumidores por serviços de delivery, em meio às recomendações para que a população não saia de casa.
Na véspera, a Reuters publicou que o aplicativo de entrega de refeições iFood viu o número de candidatos a vagas de entregador da plataforma mais que dobrar em março, com rivais como Rappi e Uber (NYSE:UBER) Eats registrando mesma tendência de aumento na demanda.
(Por Alberto Alerigi Jr.)