Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - A CPI da Covid aprovou nesta terça-feira a convocação de Karina Kufa, advogada para temas eleitorais do presidente Jair Bolsonaro, para explicar sua atuação em favor de lobistas que atuaram no Ministério da Saúde para a Precisa Medicamentos, intermediária da compra da vacina indiana Covaxin.
O autor do requerimento, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu a necessidade de convocação de Karina pelo fato de a advogada ter aparecido em diversos diálogos com o lobista Marconny Faria, que ajudou a Precisa a vencer licitações suspeitas no Ministério da Saúde.
"Antes que haja alguma reação por parte da base de apoio ao governo, não estamos convocando a senhora Karina Kufa por ela ser advogada da família do presidente da República. Estamos querendo convocar a senhora Karina Kufa pelos notórios diálogos que ela possui com vários lobistas que estão sendo investigados por esta CPI. Diálogos e tráfico de influência em favor da empresa Precisa", justificou Randolfe.
Kufa é advogada de Bolsonaro em questões eleitorais e atuou também na frustrada tentativa de criar o Aliança pelo Brasil, partido que o presidente pretendia fundar mas acabou por não ir adiante. Próxima de toda a família, a advogada é vista com frequência no Palácio do Planalto e fez mais de uma viagem internacional com Bolsonaro.
Procurada pela Reuters, a advogada ainda não respondeu aos contatos.
A CPI aprovou ainda a reconvocação de Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy contratado pela empresa VTC Log, que prestava serviço ao Ministério da Saúde, inclusive de transporte de vacinas, e foi beneficiada por majorações irregulares em contratos. Reportagem do "Jornal de Brasília" mostrou que o motoboy sacou um total de 4,74 milhões de reais para a VTC Log.
Silva deveria ter prestado depoimento nesta terça, mas foi liberado de comparecer por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Nunes Marques. A CPI recorreu da decisão e pretende ouvir o motoboy ainda na quarta-feira, se for possível.