Por Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades norte-americanas e cubanas vão se reunir em Washington na quinta-feira para discutir preocupações imigratórias, disseram pessoas familiarizadas com o assunto, nas conversas formais de mais alto nível dos Estados Unidos com Havana desde que o presidente norte-americano, Joe Biden, assumiu o cargo no ano passado.
A reunião ocorre em um momento em que o governo Biden está enfrentando um número cada vez maior de imigrantes que tentam cruzar a fronteira dos EUA a partir do México, com cubanos representando uma parcela crescente deles.
As tensões entre Washington e Havana sobre a repressão do governo cubano a protestos, a continuidade das sanções norte-americanas à ilha governada pelos comunistas e outras questões dificultam a cooperação dos países em desafios como a imigração irregular.
À frente da delegação cubana estará o vice-chanceler Carlos Fernández de Cossio, disseram duas fontes, falando sob condição de anonimato. A delegação deve se reunir com autoridades graduadas do Departamento de Estado dos EUA e outras agências.
Os Estados Unidos querem que Cuba acolha mais deportados entre o número recorde de cubanos que chegam à fronteira EUA-México, segundo uma autoridade dos EUA e outra fonte, falando sob condição de anonimato.
O governo cubano não aceita voos de deportação de cubanos dos EUA há mais de seis meses, disse um porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS) dos EUA. Em 26 de março, havia cerca de 40.000 cubanos nos EUA com uma ordem final de deportação de um juiz de imigração, segundo o porta-voz.
Cuba disse que apoia a imigração legal, ordenada e segura. Culpa os Estados Unidos pelo aumento na imigração irregular, dizendo que as sanções da época da Guerra Fria e a decisão de fechar a seção consular norte-americana em Havana incentivam os cubanos a buscar rotas mais arriscadas fora da ilha.
O Departamento de Estado norte-americano disse no mês passado que começaria novamente a processar alguns vistos para cubanos em Havana para começar a reduzir o atraso após um hiato de quatro anos, mas o progresso tem sido lento.
"AUMENTO SIGNIFICATIVO"
"Temos visto um aumento significativo de imigrantes cubanos irregulares para os Estados Unidos, tanto por vias terrestres quanto marítimas", afirmou um porta-voz do Departamento de Estado.
O porta-voz, que pediu para não ser identificado, se recusou a confirmar a reunião planejada, mas disse que "envolvemos regularmente autoridades cubanas em questões de importância para o governo dos EUA, como direitos humanos e imigração".
As conversas programadas para quinta-feira parecem estar em um nível mais alto do que os contatos formais conhecidos desde que Biden assumiu o cargo em janeiro de 2021.
O governo cubano não respondeu imediatamente a perguntas pedindo comentários.