Por Kate Abnett
BRUXELAS (Reuters) - A poluição atmosférica diminuiu em áreas urbanas de toda a Europa durante o isolamento social adotado para combater o coronavírus, mostraram imagens de satélite nesta segunda-feira, mas ativistas alertaram que os moradores das cidades ainda estão mais vulneráveis à epidemia.
Cidades como Bruxelas, Paris, Madri, Milão e Frankfurt tiveram uma redução nos níveis médios de dióxido de nitrogênio entre 5 e 25 de março na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com imagens do satélite Sentinel-5.
A queda coincide com interdições em muitos países europeus que vêm limitando o transporte rodoviário --a maior fonte de óxidos de nitrogênio-- e diminuindo a produção de fábricas emissoras de gases.
As novas imagens divulgadas pela Agência Espacial Europeia (ESA) e analisadas pela entidade sem fins lucrativos Aliança Europeia pela Saúde Pública (EPHA) mostram a densidade variável do dióxido de nitrogênio, que pode causar problemas respiratórios e câncer, como mapas de calor.
Eventos climáticos diários podem influenciar a poluição atmosférica, por isso as imagens de satélite analisaram uma média de 20 dias e excluíram leituras em que a cobertura de nuvens reduziu a qualidade dos dados.
Dados da Agência Ambiental Europeia (EEA) revelaram uma tendência semelhante entre 16 e 22 de março. Em Madri, os níveis médios de dióxido de nitrogênio recuaram 56% na comparação semanal depois que o governo espanhol proibiu viagens não essenciais a partir de 14 de março.
A EPHA disse que pessoas que moram em cidades poluídas podem correr mais risco de Covid-19 porque a exposição prolongada ao ar ruim pode enfraquecer o sistema imunológico, dificultando a luta contra a infecção.
"Esta conexão é muito provável", disse Zoltan Massay-Kosubek, administrador de políticas para ar limpo da EPHA, à Reuters. "Mas como a doença é nova, isso ainda tem que ser demonstrado".
A poluição atmosférica pode causar ou exacerbar o câncer de pulmão, doenças pulmonares e derrames.
A China também registrou uma queda na poluição de dióxido de nitrogênio em cidades em fevereiro, quando o governo impôs medidas de interdição draconianas para conter a epidemia devastadora.
Mas em algumas regiões da Polônia os níveis de dióxido de nitrogênio continuaram relativamente altos durante o período apesar da interdição, talvez por causa da prevalência do aquecimento a carvão.
Países que adotaram a interdição mais tarde --como o Reino Unido, que o fez em 23 de março-- parecem a caminho de uma redução da poluição nas próximas semanas, segundo a EPHA.
(Reportagem adicional de Agnieszka Barteczko, em Varsóvia)
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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