Por Leika Kihara e Yoshifumi Takemoto
TÓQUIO (Reuters) - O Japão se preparava nesta quinta-feira para ampliar o estado de emergência para toda a nação, e não só as grandes cidades, e uma autoridade do governo disse que o primeiro-ministro, Shinzo Abe, mudará o esboço de um orçamento suplementar para disponibilizar pagamentos em dinheiro a toda a população.
Já com mais de 9 mil infecções de coronavírus e quase 200 mortes em todo o território, o governo declarou emergência em Tóquio e outras seis áreas, incluindo o oeste de Osaka, mas outras regiões pediram para ser incluídas devido ao temor do vírus em proliferação.
Embora mais brando do que um isolamento, o estado de emergência imposto por um mês a partir de 7 de abril deu às autoridades mais poder para pedir às pessoas que fiquem em casa e os negócios a fecharem, e agora cobre cerca de 44% da população.
O ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, disse que as autoridades estão preocupadas com a disseminação rápida das infecções, que aumentaram 2,2 vezes entre 7 de abril e quarta-feira.
"Estamos muito preocupados com a possibilidade de as pessoas que viajarão durante a Semana Dourada poderem levar o vírus a locais que ainda não tiveram tantos casos", disse Kato, referindo-se a um feriado do final de abril em que as pessoas viajam em massa.
Abe está sendo pressionado a fazer mais para controlar o vírus em meio a percepções de que sua reação tem sido fraca e tardia, o que afeta seu índice de aprovação.
O Japão enfrenta uma longa batalha, e os governadores precisarão adaptar suas reações às necessidades locais, disse Koji Wada, especialista que está aconselhando formuladores de políticas, à Reuters.
"Ainda estamos à beira da guerra da Covid-19", acrescentou Wada, professor da Universidade Internacional de Saúde e Bem-Estar Social da capital. "Ainda estamos só no começo".
O coronavírus vem afetando duramente a terceira maior economia do mundo. O projeto de orçamento suplementar do governo contingenciou fundos para pagamentos em dinheiro de 300 mil ienes para toda residência cuja renda tenha sido afetada pelo vírus.
O governo Abe mudará o projeto para fornecer 100 mil ienes a cada cidadão, disse o funcionário do governo, que tem conhecimento direto do assunto, à Reuters.
A mudança vem na esteira de apelos crescentes de parlamentares governistas e opositores por medidas mais ousadas de Abe para ajudar as pessoas a suportarem o impacto da pandemia.