Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo do presidente Jair Bolsonaro na Câmara, será formalmente investigado pela CPI da Covid no Senado, anunciou nesta quarta-feira o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, Renan Calheiros (MDB-AL).
Em entrevista a jornalistas antes da sessão do colegiado desta quarta, Renan afirmou que o líder governista será investigado pelo que chamou de "conjunto da obra" e não apenas pelas suspeitas envolvendo as negociações para compra da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin.
"Eu estou comunicando que a partir de hoje ele (Barros) é formalmente um investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito", disse Renan a jornalistas.
"Estamos agregando o nome do Ricardo Barros aos nomes já investigados em função dos óbvios indícios de sua participação nessa rede criminosa que tentava vender vacinas através de atravessadores, comprometendo muitas vezes setores da sua própria família e fazendo com que o país perdesse a oportunidade de comprar vacinas na hora certa, vacinas que salvariam vidas", acrescentou.
Barros prestou depoimento à CPI da Covid na semana passada como convidado, mas após afirmar que a atuação da comissão afastou fabricantes de vacinas contra Covid-19 do Brasil, declaração que irritou membros do colegiado, teve o depoimento interrompido e será novamente chamado a depor, dessa vez como convocado.
Em depoimento à CPI, o deputado Luís Miranda (DEM-DF), disse que ouviu de Bolsonaro que Barros estaria envolvido nas supostas irregularidades nas negociações para compra da Covaxin. O presidente não desmentiu a fala de Miranda. Barros nega quaisquer irregularidades.
Após as denúncias envolvendo as tratativas para compra da Covaxin, fabricada pelo laboratório indiano Bharat Biotech, mas negociada no Brasil por meio da empresa Precisa Medicamentos, o Ministério da Saúde decidiu, no final de julho, cancelar em definitivo o contrato para compra do imunizante.
Em publicação n Twitter após o anúncio de que se tornara investigado pela CPI, Barros disse que a comissão usa táticas covardes e que, a partir de agora, seus advogados tratarão com o colegiado.
"CPI interrompe o meu depoimento, anuncia que sou investigado e que não pretende mais me ouvir. Não suportam a verdade e usam táticas covardes de vazamento. Minha conduta parlamentar é exemplar. Nada encontrarão. Agora, meus advogados conduzirão o relacionamento com a CPI", escreveu na rede social.