Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - O presidente do Irã disse nesta quarta-feira que, com o advento do coronavírus, os Estados Unidos desperdiçaram uma oportunidade histórica de suspender as sanções contra seu país, mas que as penalidades não prejudicam sua luta contra a infecção.
Na terça-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, aventou a possibilidade de Washington cogitar suspender as sanções ao Irã e outras nações para ajudá-los a combater a epidemia, mas não deu sinais concretos do que planeja fazê-lo.
"Os Estados Unidos perderam a melhor oportunidade de suspender as sanções", disse Hassan Rouhani em uma reunião de gabinete televisionada. "Foi uma grande oportunidade para os americanos se desculparem... e suspenderem as sanções indevidas e injustas ao Irã."
O coronavírus já matou mais de 3 mil pessoas no Irã, e as infecções confirmadas chegam quase a 48 mil, o que o torna o país mais atingido do Oriente Médio e levou a China e a Organização das Nações Unidas (ONU) a exortarem os EUA a amenizarem as sanções.
"Os americanos poderiam ter aproveitado esta oportunidade e dito à nação iraniana que não são contra ela", disse Rouhani. "Sua hostilidade (contra os iranianos) é óbvia."
A tensão entre Teerã e Washington aumentou desde 2018, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, retirou seu país do acordo nuclear firmado pelo Irã e seis nações em 2015 e reativou sanções, abalando a economia iraniana.
Trump tem adotado uma política de "pressão máxima" sobre o Irã com a meta de persuadi-lo a negociar um acordo mais abrangente que limite ainda mais seus programas nuclear e de mísseis e contenha o uso de forças por procuração no Iraque, no Iêmen e no Líbano.
Washington ofereceu assistência humanitária ao inimigo de longa data, mas seu líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, rejeitou a oferta.
Embora autoridades iranianas tenham dito que as sanções dos EUA prejudicam seus esforços para refrear o surto, Rouhani disse: "As sanções não conseguiram impedir nossos esforços para lutar contra o surto de coronavírus."
"Somos quase autossuficientes na produção de todo o equipamento necessário para combater o coronavírus. Fomos muito mais bem-sucedidos do que muitos outros países na luta contra esta doença."
Na primeira transação realizada graças a um mecanismo comercial criado para trocar bens humanitários e alimentos após a saída de Washington do acordo nuclear, a Alemanha disse na terça-feira que exportou suprimentos médicos ao Irã, assim como a França e o Reino Unido.