RIO DE JANEIRO (Reuters) - Operários e caminhões entraram em campo, nesta terça-feira, para o início da construção de um hospital de campanha no Maracanã para receber pacientes com o novo coronavírus, dando uma nova função ao templo do futebol diante da paralisação dos jogos em decorrência do avanço da doença.
O hospital temporário no Maracanã terá 400 leitos e será uma unidade de referência para receber pacientes com Covid-19, de acordo com o governo estadual do Rio de Janeiro, que vai erguer ainda outros sete hospitais de campanha espalhados por diferentes cidades, cada um deles com 200 leitos.
O gramado do estádio, que foi palco da final da Copa do Mundo de 2014 e das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, será preservado.
A estrutura hospitalar está sendo erguida do lado de fora do estádio de futebol, no local onde ficava o antigo estádio de atletismo Célio de Barros, que foi desativado por ocasião da Copa de 2014 e virou uma amplo terreno para estacionamento de carros. A estimativa é de que as obras terminem em 10 dias.
Operários que trabalhavam no local não foram autorizados a conceder entrevista, mas moradores da região que utilizam o complexo para a prática esportiva viram a construção do hospital com satisfação.
"Eu acho bom, porque aqui perto temos tantas comunidades e nós somos muito mal atendidos nas clínicas da família. Acho uma boa ideia", disse Rozivete de Sousa, inspetora de um colégio, que fazia uma caminhada ao redor do estádio.
Além dos leitos hospitalares, o complexo do Maracanã será usado para diferentes fins no combate ao novo coronavírus, inclusive para apoio logístico das equipes de saúde e para alimentação.
"Toda estrutura estará em uso, com exceção do gramado“, afirmou o secretário de Saúde do Estado, Edmar Santos.
O Rio de Janeiro é o segundo Estado com mais casos de Covid-19 no Brasil, com 657 casos e 18 mortes, atrás apenas de São Paulo, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na segunda-feira.
A prefeitura do Rio também se prepara para inaugurar uma unidade de campanha no centro de convenções Riocentro, além da montagem de estruturas temporárias em locais próximos a hospitais existentes, de forma a desafogar o atendimento regular nas emergências.
Em São Paulo, um hospital de campanha está sendo montado no tradicional estádio do Pacaembu, e em Brasília o Estádio Mané Garrincha também receberá um hospital de campanha.
Por conta da pandemia de coronavírus, todo o calendário do futebol brasileiro foi suspenso pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), assim como em vários países afetados pela doença.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Sérgio Queiroz)