Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - O papa Francisco, encerrando nesta quinta-feira uma reunião entre líderes das religiões mundiais, classificou o comércio de armas como uma maldição para a humanidade, dizendo que o dinheiro gasto em armamentos deveria ser utilizado para alimentar os famintos e distribuir vacinas de forma justa.
“Menos armas e mais comida, menos hipocrisia e mais transparência, mais vacinas distribuídas de forma justa e menos armas comercializadas indiscriminadamente”, disse Francisco em seu discurso no evento em frente ao antigo Coliseu.
Francisco falou após declarações de líderes muçulmanos e judeus, de outros cristãos e da chanceler alemã, Angela Merkel, que manteve conversações com o papa no início do dia.
"A guerra joga jogos com vidas humanas. Assim como a violência e a ruína de um comércio de armas em expansão, muitas vezes movendo-se nas sombras, alimentado por fluxos subterrâneos de dinheiro", disse Francisco.
Francisco já pediu em outros momentos o desarmamento e a proibição total das armas nucleares.
“Exortemos inequivocamente que as armas sejam colocadas de lado e os gastos militares reduzidos, a fim de atender às necessidades humanitárias, e que os instrumentos de morte sejam transformados em instrumentos de vida”, acrescentou o pontífice nesta quinta.
O encontro internacional anual de líderes religiosos é organizado desde 1986 pela Comunidade de Sant'Egidio, com sede em Roma, um grupo católico mundial de caridade e paz.
Tanto Francisco quanto o rabino Pinchas Goldschmidt, presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, observaram que estavam diante de um anfiteatro usado para entretenimento de massa brutal na época dos romanos.
“Hoje, também nós podemos ser espectadores da violência e da guerra, de irmãos matando irmãos, como jogos que assistimos de uma distância segura, indiferentes, certos de que nunca nos afetarão. O sofrimento dos outros dificilmente nos incomoda”, disse Francisco.
“Nem mesmo o sofrimento das vítimas da guerra, dos migrantes, dos meninos e meninas envolvidos em conflitos e que tiveram as brincadeiras despreocupadas da infância roubadas deles. A vida das pessoas e das crianças não é um brinquedo”, disse.
O papa, que frequentemente condena o "nacionalismo vacinal", e o grande imam da mesquita e universidade Al-Ahzar no Cairo, Ahmed al-Tayeb, falaram da desigualdade na distribuição das vacinas contra Covid-19 durante a pandemia.