Por Doina Chiacu e Dan Whitcomb
WASHINGTON/LOS ANGELES (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prorrogou no domingo as diretrizes de permanência em casa até o final de abril, abandonando um plano duramente criticado para reativar a economia até meados de abril depois que um conselheiro médico graduado disse que mais de 100 mil norte-americanos poderiam morrer durante o surto de coronavírus.
O recuo de Trump, que ele disse que será explicado com mais detalhes na terça-feira, veio no momento em que o total de mortes causadas pela doença respiratória no país superou 2.460 e os casos passaram de 141 mil, a maior cifra de qualquer nação do mundo.
"O pico, o ponto mais alto da taxa de mortalidade, provavelmente acontecerá em duas semanas", disse Trump durante um briefing sobre o coronavírus no Jardim Rosado da Casa Branca, flanqueado por conselheiros de primeiro escalão e líderes empresariais. "Nada seria pior do que cantar vitória antes de a vitória ser conquistada."
Ele disse à população: "Quanto melhor vocês se saírem, mas rápido este pesadelo todo terminará."
Mais cedo no domingo, o médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, disse à CNN que a pandemia poderia chegar a matar entre 100 mil e 200 mil pessoas nos EUA se a mitigação não tiver sucesso.
Desde 2010, a gripe matou entre 12 mil e 61 mil norte-americanos por ano, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A pandemia de gripe de 1918-1919 matou 675 mil pessoas no país, segundo os CDC.
Fauci suavizou suas previsões durante o briefing no Jardim Rosado, dizendo que elas se baseiam em modelos que foram criados para mostrar o pior cenário possível se os norte-americanos não seguissem as diretivas de permanência em casa.
"Sentimos que a mitigação que estamos fazendo neste momento está surtindo efeito", disse Fauci. "A decisão de prorrogar o processo de mitigação até o final de abril é uma decisão sábia e prudente."
A insinuação inesperada de Trump de que poderia ordenar a reativação da economia até a Páscoa foi recebida com críticas intensas e imediatas da parte de governadores que ainda lidam com números crescentes de pacientes e sistemas de saúde sobrecarregados.
Os governadores de ao menos 21 Estados que representam mais da metade dos 330 milhões de habitantes dos EUA fecharam "negócios não essenciais" e instruíram os moradores a ficarem em casa.