Por Laura Gottesdiener
PORTO PRÍNCIPE (Reuters) - Milhares de moradores feridos ocuparam os hospitais do Haiti no domingo na esteira de um terremoto devastador do dia anterior que matou ao menos 1.297 pessoas, e as autoridades corriam para levar médicos às áreas mais afetadas antes da chegada de uma grande tempestade.
O tremor de magnitude 7,2 de sábado destruiu milhares de casas e edifícios em uma nação caribenha que ainda se recupera de outro grande sismo de 11 anos atrás e está abalada com o assassinato de seu presidente no mês passado.
O sudoeste do Haiti foi o mais atingido, principalmente dentro e nos arredores da cidade pequena de Les Cayes. A Agência de Proteção Civil disse que o número de mortos do desastre subiu para 1.297 e que os hospitais que ainda estão funcionando enfrentam dificuldades, já que cerca de 5.700 pessoas ficaram feridas.
Em Jeremie, cidade do noroeste também seriamente atingida, médicos tratavam pacientes feridos em macas debaixo de árvores e em colchões no meio-fio, já que os centros de saúde ficaram sem espaço.
"Realmente temos um problema sério", disse Jerry Chandler, chefe da Agência de Proteção Civil haitiana, à Reuters.
"Há instalações muito importantes que mal estão funcionando neste momento, e aquelas que estão funcionando estão recebendo uma sobrecarga de pacientes."
O desafio enfrentado pelo Haiti é exacerbado pela pandemia de coronavírus, uma retração econômica grave agravada pela violência intensa das gangues e uma crise política que engoliu o país depois do assassinato do presidente Jovenel Moise no dia 7 de julho.
Igrejas, hotéis, hospitais e escolas foram gravemente danificados ou destruídos, e os tremores violentos abriram fendas nos muros de uma prisão. Cerca de 13.694 casas foram destruídas, segundo a Agência de Proteção Civil, que deu a entender que o estrago pode piorar.
Em Les Cayes, cidade litorânea de cerca de 90 mil pessoas, agentes de resgate retiraram corpos dos escombros retorcidos de um prédio enquanto uma escavadora próxima ajudava a vasculhar os destroços.
O primeiro-ministro Ariel Henry, que voou para visitar Les Cayes, elogiou a dignidade exibida pelas pessoas do local mesmo em meio ao sofrimento.
"Elas estão abaladas, mas resistentes. Elas lutam para sobreviver", disse ele, agradecendo agências internacionais e governos estrangeiros pelo apoio.
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que um "corredor humanitário" seja estabelecido para que o auxilio possa atravessar territórios ocupados por gangues.
(Reportagem adicional de Kate Chappell em Kingston, Sarah Marsh em Havana e Philip Pullella, Olive Griffin)