(Reuters) - De hospitais, crematórios e vilas remotas a uma encosta do Himalaia, estacionamentos e templos, fotógrafos da Reuters produziram uma cobertura da pandemia de coronavírus na Índia que capturou a disseminação da doença e o seu preço implacável.
A equipe da Reuters venceu o prêmio Pulitzer de 2022 na categoria fotografia especial por imagens que equilibraram “intimidade e devastação, oferecendo um ampliado sentido de lugar”, disse o júri.
(Veja as fotos da cobertura da Reuters ganhadora do Pulitzer: https://widerimage.reuters.com/story/Reuters-wins-Pulitzer-for-intimate-devastating-images-of-Indias-pandemic)
O fotógrafo-chefe da Reuters na Índia, Danish Siddiqui, que morreu em 21 de julho cobrindo a guerra no Afeganistão, tirou muitas das fotos, incluindo uma imagem aérea de uma cremação em massa que iluminou um conjunto habitacional de Délhi.
Uma das fotos mostra uma mulher sem fôlego recebendo oxigênio em um carro em um estacionamento, devido à falta de espaço em hospitais. Outra exibe um jovem de 19 anos com roupa protetora ajoelhado diante do corpo da sua mãe, após ele ser levado para cremação.
Demonstrando que ninguém se sentiu seguro com a doença, Siddiqui também tirou uma foto de um santo hindu coberto de cinzas colocando uma máscara antes de um ritual no rio Ganges.
“Danish foi o dono desta cobertura desde o início”, disse Ahmad Masood, fotógrafo-chefe da Reuters na Ásia. “Ele deu furos com suas fotos, mostrando a escala da devastação em Délhi e nas áreas rurais. É um testamento da sua coragem e dedicação ao jornalismo”.
Apenas um mês depois de sair para o Afeganistão, Siddiqui estava no telefone com Sana Irshad Mattoo, uma fotojornalista na Caxemira, discutindo uma maneira diferente de ilustrar a pandemia. Decidiram que ela visitaria um dos mais remotos campos de vacinação no país, a um passo da encosta do Himalaia.
Sem estradas adequadas para carros, ela subiu em um pônei e seguiu trilhas para o local em Lidderwat, a cerca de 3.400 metros de altitude, para tirar a foto de um pastor recebendo a dose.
No oeste da Índia, o fotojornalista veterano Amit Dave tirou uma foto de uma trabalhadora de um forno de tijolos coberta com véu tendo a temperatura checada em sua cabana durante uma campanha de vacinação.
Adnan Abidi, amigo e colega de Siddiqui que trabalhou com ele por mais de uma década, tirou várias fotos citadas pelo júri do prêmio Pulitzer. Ele viajou para os arredores de Délhi para encontrar uma vila onde um homem havia arrastado uma espreguiçadeira para a sombra do sol de verão para que sua mulher pudesse deitar confortavelmente antes de receber reidratação.
Em um templo Sikh que estava dando oxigênio às pessoas que não podiam pagar, ele tirou a foto de uma mulher desesperadamente bombeando o peito do seu pai doente.
No auge da pandemia, muitas vítimas foram cremadas sem a presença dos membros da sua família. Abidi tirou uma foto de partir o coração de voluntários carregando uma sacola com cinzas que não foram reivindicadas de um crematório.
Além de cobrir a disseminação do vírus na vasta extensão da Índia, a equipe da Reuters teve que adotar medidas de segurança rigorosas. Usaram roupas protetoras, óculos e máscaras e desinfetantes neles próprios e em seus equipamentos.
“Tínhamos que voltar para casa para nossas famílias”, disse Abidi.
“Isso é um tributo para ele (Siddiqui) de toda a equipe da Reuters”, afirmou Abidi, que esteve em outras duas equipes que ganharam o Pulitzer, uma delas também com Siddiqui. “Eu realmente sinto falta dele... Queria que ele estivesse aqui conosco”.