Em mais um capítulo da novela sobre a suposta conduta anticoncorrencial das instituições financeiras em desfavor das exchanges, foi a vez da ABCB (Associação Brasileira de Criptoativos e Blockchain) se pronunciar.
Em um ofício enviado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a ABCB criticou a posição do Banco Central (Bacen).
Segundo o presidente da associação Fernando Furlan, a autoridade monetária agiu com descaso em sua resposta ao Cade fugindo de sua obrigação.
Entenda o caso
A Associação se refere às declarações do Bacen sobre a suposta competição entre criptoativos e produtos de investimento ofertados por instituições financeiras no Brasil.
O Bacen disse que não há concorrência entre os produtos ofertados pelas instituições financeiras e os criptoativos.
Isso porque, segundo a autoridade, os produtos de investimentos ofertados pelas instituições sob sua competência regulatória são, majoritariamente, de renda fixa.
Os criptoativos, por sua vez, apresentam alta volatilidade e são considerados, pelo mercado, como investimentos especulativos.
Sobre isso, a ABCB pontuou:
“Data venia, ou a resposta do ente regulador do sistema financeiro foi açodada e incompleta, revelando descaso, ou foi propositadamente confusa, fugindo da obrigação de responder com acuidade ao CADE e tolerando uma névoa de dúvida no mercado.”
Bancos oferecem investimento em renda variável
Segundo a ABCB, é de conhecimento geral que os grandes e médios bancos oferecem investimento em renda variável.
A ABCB observou que o Bradesco, por exemplo, oferece investimentos em ações, fundos, mercados futuros e outros produtos. “Inclusive aqueles considerados especulativos”, disse a associação.
Já os correntistas do Banco do Brasil (BB (SA:BBAS3)), segundo a ABCB, têm acesso a diversas opções de investimentos. Como por exemplo fundos, ETF (Exchange Traded Fund), ações, crédito imobiliário, crédito privado e derivativos.
A associação pontua ainda que, recentemente o BB lançou novos fundos de investimento. Entre eles o “BB Ações Bolsa Americana”.
Essa opção busca acompanhar a variação do índice S&P 500 com proteção contra as variações cambiais.
Nesse sentido, para a ABCB, as alegações do Bacen não podem ser levadas em conta:
“Portanto, a resposta do regulador do sistema financeiro deve ser, infelizmente, desconsiderada pelo CADE, por não corresponder à realidade”, finalizou.