Anders Helseth, analista sênior da Arcane Research, divulgou um relatório em 30 de maio sobre as movimentações da Terraform Labs. De acordo com o documento, a organização vendeu grandes quantidades de LUNA durante o colapso da UST.
Ou seja, os fundadores da rede conseguiram vender suas LUNA antes do colapso que fez a criptomoeda virar pó. Enquanto isso, os demais investidores tiveram que amargar prejuízos de até 100%, sendo que muitos perderam o capital de uma vida inteira.
Helseth comparou a atitude da Terraform Labs com um navio de cruzeiro naufragando. Nesse sentido, “o capitão e convidados distintos fugiram em super iates, deixando a maioria dos passageiros para trás sem botes salva-vidas”.
Falhas de design
A princípio, Helseth rastreia as falhas do protocolo Terra Classic de volta às suas origens. O relatório aponta a grande concentração de LUNA nas mãos da Terraform Labs. De acordo com os dados, a instituição concentrava mais de 50% dos LUNA em suas mãos.
Outro problema é que a Terra não nenhum recompensa por bloco, ou seja, não possui mineração. E como houve uma pré-distribuição, os primeiros detentores da moeda ganharam muito poder.
CONFIRA: Cotações das criptomoedas
O analista alega ter analisado os fluxos de valor no ecossistema Terra e foi responsável por transações até 5 de maio (logo antes do acidente) para evitar a obscuridade.
A análise revela que os conjuntos de carteiras desconhecidas (apelidadas John Doe) interagindo de perto em grupos. Este grupo de carteiras realizou saques maciços do ecossistema Terra.
A maioria das transações foi direcionada para pontes e exchanges centralizadas (DEX). Ou seja, é provável que os donos das carteiras já estivessem com a intenção de vender.
Ele afirma que há um denominador comum entre esses aglomerados – “uma ou mais carteiras no cluster recebeu transferências significativas das carteiras da Terraform Labs”.
De outubro de 2020 a 5 de maio de 2022, as carteiras moveram mais de US$ 6 bilhões por meio de pontes e DEX. A maioria dos endereços foram associados a grandes investidores da rede
Por outro lado, “todas as outras centenas de milhares de carteiras têm uma entrada líquida de US$ 6,5 bilhões”. Isto é, muito pequenos investidores compraram à medida que os endereços associados à Terraform Labs vendiam.
Tirando proveito da UST
Por fim, Helseth também argumenta que os grupos depositaram grandes quantidades de LUNA em trocas quando seu preço ainda era relativamente baixo, tornando as saídas “subvalorizadas em relação às entradas de LUNA”.
O relatório também detalha que o algoritmo por trás do UST permitiu outros tipos de ganhos. Por exemplo, esses endereços conseguiram criar grandes quantidades de UST.
Em seguida, os investidores colocaram suas UST no protocolo Anchor, que pagava rendimentos de até 20%. O alto rendimento serviu como uma isca para atrair mais demanda.
No relatório, Helseth aponta que esse rendimento criou uma grande demanda por UST. Conforme os pequenos investidores entraram no protocolo, eles forneceram a liquidez de saída necessária para os grandes endereços.
“Em um esquema padrão de ‘compra e venda’, o lado vendedor faz a demanda crescer antes de vender agressivamente suas moedas. Durante o dumping, geralmente chamado de tração, a dinâmica usual do mercado se aplica. Eventualmente, o suprimento oferecido pelos vendedores que procuram espremer cada centavo domina a demanda, e então o preço colapsa”, explicou o analista.