O advogado Artemio Picanço, responsável pelos casos envolvendo a Atlas Quantum, concedeu uma entrevista ao portal Suno Notícias na quarta-feira, 17 de junho. Durante o programa, Picanço destacou que nunca viu um caso de pirâmide semelhante ao da empresa brasileira.
“O caso mais icônico para mim foi o da Atlas. Ele teve uma capilaridade mundial, com atuação em todos os continentes. Atingiu pessoas em Portugal, Camboja, Estados Unidos, Holanda, Argentina, Austrália e por aí vai. Nós estamos representando em torno de 500 clientes no mundo, não apenas no Brasil“, destacou.
Picanço também ressaltou que esses clientes não são brasileiros residentes no exterior, mas sim cidadãos estrangeiros. Além disso, o advogado destacou os volumes financeiros ao redor do caso, que chamou de um “rombo absurdo”.
“Hoje eu cuido de cerca de R$ 50 milhões relacionados a esse caso. Nós atuamos em frentes de trabalho. A ação cível refere-se à relação contratual, valores, atraso de saques. Já o acompanhamento criminal busca trazer elementos a mais para a investigação.”
Blockchain deixa rastros Picanço também destacou que a blockchain deixa rastros dessas atividades, e que muitas empresas tentam encobri-los sem sucesso.
“As pessoas falam que a blockchain não deixa rastro. Ela é feita para deixar rastros e deixa, sim. O que essas empresas costumam fazer é a mixagem de carteira, criando desvios e subterfúrgios para dificultar a investigação. Mas nós encontramos, através de uma espécie de perícia forense na blockchain”, afirmou.
Andamento do caso Durante o programa, um dos ouvintes perguntou sobre o andamento dos pagamentos de quem teve fundos retidos pela Atlas.
“Por enquanto está tudo suspenso, não houveram novos pagamentos. Essas empresas costumam mudar as regras do jogo. Colocam a culpa no regulador, no banco, em hackers, até mesmo na blockchain, mas nunca na empresa. Eu nunca vi uma empresa que começou atrasos de saques normalizar esses pagamentos.”
Picanço aconselhou àqueles que entraram em algum esquema de pirâmide. Para ele, é preciso ficar atento à situação e tomar providências assim que os sinais de atrasos começarem.
“Se você notou que os atrasos começaram, tome providências. Se você está nessas empresas, faça registros das telas. Muitas pessoas chegam até nós para entrar (com processo), mas não tem documento, pois a plataforma sumiu. Ele não tem registro das operações, registro do valor na plataforma, e aí se prejudica”, alertou.