Bruxelas, 21 abr (EFE).- Aproximadamente 80% do tráfego aéreo
europeu deve voltar ao normal hoje, e espera-se que o espaço aéreo
seja praticamente 100% restabelecido amanhã, após sete dias de
interrupção e caos devido à nuvem de cinza provocada por um vulcão
islandês.
A Agência Europeia para a Segurança na Navegação Aérea
(Eurocontrol) calculou que hoje foram registrados 22,5 mil dos 28
mil voos que se efetuam em um dia normal na Europa, e que nesta
quinta-feira o tráfego aéreo será praticamente restabelecido.
Calcula-se que a nuvem de cinza criada pelo vulcão islandês
ocasionou perdas de até 850 milhões de euros às companhias aéreas e
de 250 milhões de euros aos aeroportos.
Segundo a última atualização dos dados da Eurocontrol, permanecem
abertos todos os espaços aéreos europeus abaixo dos 20 mil pés e as
restrições afetam somente aéreas muito limitadas da Finlândia e da
Escócia.
Mais de 100 mil voos foram suspendidos na Europa desde a
quinta-feira passada quando a nuvem vulcânica gerou caos no tráfego
aéreo europeu.
O Conselho Europeu de Aeroportos (ACI) estima que esta
interrupção tenha provocado perdas de até 250 milhões de euros,
confirmou hoje à Agência Efe o porta voz da ACI Robert O'Meara.
A Associação de Companhias Aéreas Europeias (AEA), por sua vez,
calcula que a perda líquida de receita no setor chegará aos 850
milhões de euros na próxima sexta-feira, uma quantidade que soma-se
as despesas extraordinários causadas pela assistência aos
passageiros que ficaram em terra.
A AEA apresentará esta noite um relatório a respeito à Comissão
Europeia (CE), que trabalha para esclarecer o impacto real que a
crise teve.
A porta-voz da Comissão Europeia, Amelia Torres, indicou à Efe
que por enquanto não há números concretos sobre as perdas e que o
órgão executivo da UE não recebeu até agora nenhuma solicitação de
autorização por parte dos Estados-membros para conceder ajuda às
companhias aéreas afetadas.
A CE adiantou esta segunda-feira que está disposta a considerar
este tipo de apoios sempre que se respeitem às normas comunitárias
da concorrência e se destinem a compensar as perdas derivadas da
crise provocada pela nuvem vulcânica e não a reestruturar companhias
que já se encontravam em uma situação delicada antes da quinta-feira
passada.
Os países também não poderão justificar a concessão de ajudas
pelas despesas extraordinárias que as companhias tenham tido por
causa da realocação e da assistência aos passageiros, explicou a
porta-voz comunitária de Transporte Helen Kearns.
A Comissão Europeia defendeu hoje acelerar o projeto, já em
discussão, para a criação de um espaço aéreo europeu, o que, segundo
alegou, facilitaria a tomada de decisões em situações como a criada
pelo vulcão islandês.
Questionada acerca do papel da Eurocontrol, Kearns esclareceu que
na atualidade se trata de um organismo submetido às autoridades
nacionais, embora não descarte que em um futuro e após haver sido
reformado e dotado de novas competências, ele poderia se transformar
no gerente comunitário.
Em matéria de direitos de passageiros, a Comissão insiste que os
afetados podem escolher entre a devolução do preço da passagem na
íntegra ou continuar com a viagem. Caso sigam viagem, a companhia
aérea custeará o transporte alternativo para chegar ao destino,
assim como as despesas de hotel e alimentação durante os dias de
espera.
Bruxelas lembra que os passageiros que considerem que estes
direitos não foram respeitados devem apresentar uma queixa, primeiro
perante a própria companhia aérea, e se não ficarem satisfeitos com
a resposta devem acudir às autoridades nacionais, que são as que têm
a competência legal.
"Há muitas lições que aprender desta crise", afirmou Kearns, que
assinalou que o vice-presidente da CE e responsável de Transporte,
Siim Kallas, discutirá todas as deficiências colocadas em evidência
com a crise na próxima terça-feira com o colégio de comissários.
A agência de Defesa Civil islandesa informou hoje que o vulcão
subterrâneo da geleira Eyjafjallajökull, ao sul da Islândia,
continuará expulsando cinzas nos próximos dias, mas menos que antes.
EFE