A semana começou com fortes turbulências econômicas e o Bitcoin se aproximando dos US$ 100 mil. Porém, apenas na Turquia.
Uma forte crise política e econômica atingiu o país nos últimos dias. Com isso, a busca pelo termo Bitcoin em sites turcos disparou 566%. Consequentemente, o preço do Bitcoin seguiu as buscas.
Interferência no Banco Central assusta
Tudo começou ainda no final de semana, quando o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, demitiu o presidente do Banco Central turco.
Ainda na semana passada, Naci Agbal tinha decidido aumentar a taxa de juros do país. O aumento foi de 200 pontos-base, elevando a taxa de 17% para 19% ao ano.
A decisão surpreendeu os investidores e, assim como o caso do Brasil, foi vista como positiva. Afinal, o país sofre com uma inflação que já chegou a atingir 25% ao ano.
No entanto, o presidente Erdoğan não gostou do novo aumento e determinou a demissão de Agbal. Em seu lugar, foi escolhido Sahap Kavcioglu, um crítico das altas de juros recentes.
O movimento causou um colapso da lira turca. No dia da demissão de Agbal, a moeda do país chegou a perder 15% do seu valor em relação ao dólar. A forte pancada vista no gráfico abaixo representa esta queda.
Bitcoin dispara no mercado P2P
Com a queda da moeda, os investidores buscaram formas de proteger seu poder de compra. E isso levou o Bitcoin a atingir novos recordes no país.
“Oficialmente”, o Bitcoin está cotado a 439 mil liras turcas, o que dá cerca dos US$ 55 mil, em linha com o preço internacional. No entanto, a criptomoeda já é negociada a quase US$ 100 mil no mercado P2P.
No momento da escrita desta matéria, é possível encontrar ofertas de venda de Bitcoin a 704 mil liras. O valor equivale a cerca de US$ 89 mil.
Mais cedo, algumas ofertas atingiram 755 mil liras, ou US$ 95 mil na cotação atual. Todas as ofertas foram registradas no site LocalBitcoins.
Economistas e influencers repercutem notícia
A disparada do Bitcoin na Turquia foi tema de uma live do canal BitNada. O fundador do canal, Felipe Escudero, afirmou que essa valorização tenderá a acontecer em países mais instáveis economicamente.
“Em países onde as pessoas estão passando por uma situação absurda, como vimos na Argentina, Venezuela, Turquia, ou como poderemos ver no Brasil, as pessoas preferem pagar o dobro do preço no Bitcoin do que perder dinheiro numa moeda que não vale nada”, afirmou.
O economista Fernando Ulrich também gravou um vídeo. Ele mostrou todo o histórico recente de preços, juros e inflação na Turquia. Para ele, a busca pelo Bitcoin significa busca por mobilidade.
“Podemos esperar controle de câmbio e capitais no país. Os cidadãos perceberam isso e vão buscar proteger seu patrimônio e até a mobilidade de capital. E hoje, a melhor forma de proteger a mobilidade de capital é o Bitcoin, e por isso que a busca por ele aumentou 566% na Turquia”, afirmou.