Por Ambar Warrick
Investing.com — Os preços do bitcoin superaram US$ 17.000 pela primeira vez desde a primeira quinzena de dezembro na segunda-feira, gerando ganhos mais amplos no mercado de criptomoedas, diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) adote uma postura menos rígida do que o esperado neste ano.
A maior criptomoeda do mundo subia 1,94%, a US$ 17.283,00, às 8h30 de Brasília, graças ao enfraquecimento do dólar após a divulgação do último relatório de empregos não-agrícolas nos EUA, na sexta-feira, que mostrou um arrefecimento do mercado de trabalho no país. Isso faz com que o Federal Reserve tenha menos espaço para elevar as taxas de juros de forma mais intensa.
Já o ethereum, segunda maior criptomoeda do mundo, superou a máxima de três semanas, subindo 4% e rompendo o patamar de US$ 1.300 pela primeira vez desde meados de dezembro.
A perspectiva de que o Fed possa reduzir as altas de juros proporcionou um grande alívio para o mercado de criptomoedas, que perdeu grande parte do seu valor ao longo de 2022, por conta do aperto monetário realizado pelo banco central dos EUA, ao desfazer dois anos de políticas ultra-acomodatícias que favoreceram os ativos digitais. Essa forte desvalorização também desencadeou uma série de falências de empresas do segmento, das quais o mercado ainda está se recuperando.
O foco desta semana estará voltado à divulgação dos dados de inflação nos EUA, prevista para quinta-feira. Sinais de alívio maior nos preços podem reduzir o ímpeto do Fed de usar uma retórica mais rígida.
Porém, ainda que o bitcoin possa se beneficiar de uma postura mais flexível do Fed, a criptomoeda é negociada a uma fração do valor que chegou a atingir em 2021. A cripto afundou 65% em 2022, uma queda que colocou em xeque sua pretensão de ser uma “reserva de valor”, uma moeda ou até mesmo uma proteção contra a inflação.
Essa forte desvalorização, ao lado de uma série de falências ocorridas no criptomercado em 2022, também amargou o sentimento entre os pequenos investidores em relação às moedas digitais.
O mercado cripto perdeu cerca de dois terços do seu valor em 2022 e vem enfrentando dificuldades para se recuperar.
Os ciclos passados, no entanto, ensinam que as corridas de alta nas criptomoedas só ocorrem em períodos de política monetária frouxa. Diante da perspectiva de que o Fed interrompa o ciclo de alta de juros este ano e até mesmo adote uma postura menos rígida, a expectativa é que as criptos ganhem força em 2024.
Mas ainda são grandes as incertezas quanto à capacidade do mercado cripto de se recuperar do forte abalo ocorrido no sentimento dos pequenos investidores e no possível enrijecimento das normas aplicáveis ao setor.