Recentemente, a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) denunciou as operações da Binance no Brasil. A Associação levou a denúncia ao Banco Central, ao Ministério Público Federal e à Comissão de Valores Mobiliários.
Contudo, aparentemente, a decisão não foi unanimidade dentre os membros da ABCripto. Em discordância com a decisão, dois membros deixaram o grupo.
BitPreço e Ripio anunciaram nesta quarta-feira (10) que não fazem mais parte da Associação.
Buscando neutralidade
Ney Pimenta, CEO da BitPreço, falou publicamente em um grupo focado em criptomoedas nesta quinta-feira sobre o que levou a startup a deixar a ABCripto.
Segundo ele, a BitPreço “tem um modelo de negócio diferente das exchanges”. A startup é um marketplace de exchanges e, de fato, possui parcerias com diferentes plataformas — uma delas a Binance.
Em um comunicado oficial ao mercado, Pimenta completou:
“Nosso modelo de negócios nos demanda neutralidade, sem a qual não poderíamos bem atender nossos parceiros e clientes. Portanto, para evitar parcialidades, a BitPreço desfiliou-se da ABCripto.”
João Canhada, CEO da Foxbit, também falou publicamente sobre o assunto. Canhada, cuja exchange é associada da ABCripto, afirmou que a Binance faz no Brasil “tudo que disseram que ele seria preso caso fizesse no país”.
Ele completa dizendo que a Binance precisa escolher:
“Parar de usar par com real com contas bancarias brasileiras e se torna uma exchange estrangeira cripto-cripto, ou abraça a legislação brasileira. O estrangeiro ter o melhor dos dois mundos enquanto o brasileiro fica limitado sob risco de sanções do governo (multa, prisões) não está nem de longe sendo uma concorrência justa.”
Canhada conclui ressaltando uma possível disparidade de regras:
“Se for esse o contexto do governo, que o estrangeiro pode operar sem regras e o brasileiro não, em uma situação absolutamente injusta, tenho ações a executar do meu lado. Talvez a Foxbit tenha que mudar de nacionalidade. Quero liberdade de operar em igualdade.”
Ripio pode ser a próxima
De acordo com fontes próximas ao caso, que preferiram não ser identificadas, a Ripio pode ser a próxima.
Embora não tenha sido confirmado o motivo da saída, fontes acreditam que o fato tem relação com a denúncia feita contra a Binance.
Foi informado ainda que todos os participantes da Associação votaram de forma unânime. Contudo, todo o procedimento foi feito por duas instituições, que só então apresentaram aos outros membros.
Tal fato possivelmente gerou uma rusga dentre os participantes da Associação, causando a saída da Ripio, que recentemente expandiu suas operações no Brasil.
“Eu fico” Apesar das exchanges deixando a ABCripto por discordância com a decisão tomada, outras exchanges já confirmaram que permanecerão.
É o caso da NovaDAX que, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que continuará junto à Associação.
A Foxbit também confirmou que continuará junto à ABCripto, em declaração de seu CEO ao CriptoFácil:
“É difícil o debate acalorado sobre os temas que têm e os que ainda vêm. Chegar em consenso entre concorrentes é sempre complicado, e algumas decisões doem bastante. Mas, se a gente abandonar a Associação, no momento que as coisas em Brasilia começam a avançar, não da para reclamar o que vier depois. Continuamos na ABCripto.”
Posicionamento da ABCripto
Tendo em vista a repercussão de suas decisões, a ABCripto publicou uma nota na terça-feira (9). Logo no início a Associação ressalta que defende o livre mercado e o “direito de inovar”.
Na nota, a Associação reforça a sua posição sobre denunciar a Binance:
“Não é razoável que empresas aceitem Reais em território nacional, optando por fazer o que for mais conveniente aos seus olhos, enquanto o restante do mercado precisa seguir um conjunto de regras, sob risco de sanções governamentais e multas caso não esteja em absoluta observância das leis locais. Não há nenhum desejo na ABCripto de encerramento de atividades de quaisquer empresas, especialmente aquelas que agreguem ao setor, trazendo inovação e qualidade em serviços ao cliente. No entanto, é nosso papel questionar empresas de qualquer natureza que ofereçam produtos e serviços que as nacionais estão impedidas por força de lei.”