Para encobrir uma violação que comprometeu dados de milhões de usuários e motoristas, o ex-chefe de segurança (CSO) da Uber, Joseph Sullivan, pagou US$ 100 mil (mais de R$ 560 mil) em Bitcoin.
É o que diz o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em um comunicado divulgado em 20 de agosto.
As autoridades informaram que uma queixa criminal foi apresentada em um tribunal federal acusando Joseph Sullivan de obstrução da justiça.
Assim, ele teria tentado encobrir o hack de 2016 da Uber Technologies (NYSE:UBER) Incorporated, conforme detalhou o procurador David L. Anderson e o agente especial adjunto do FBI Craig D. Fair.
Entenda o caso
Sullivan atuou como Diretor de Segurança da Uber entre abril de 2015 e novembro de 2017. Nesse período, dois hackers o contataram por e-mail informando terem acessado e baixado o banco de dados da Uber.
O conteúdo supostamente obtido conteria informações pessoais de cerca de 57 milhões de usuários e motoristas do aplicativo. Além disso, o banco de dados incluía o números das carteiras de habilitação de aproximadamente 600 mil motoristas.
Então, para não divulgar os dados, os criminosos exigiram um pagamento de seis dígitos que foi pago por Sullivan.
Portanto, a queixa criminal aponta que o ex-CSO tomou medidas deliberadas para “ocultar, desviar e enganar a Federal Trade Commission sobre a violação”.
“Uber pagou aos hackers US$ 100.000 em Bitcoin em dezembro de 2016, apesar do fato de os hackers se recusarem a fornecer seus nomes verdadeiros. Além disso, Sullivan procurou fazer com que os hackers assinassem acordos de não divulgação”, diz o comunicado.
No momento da escrita desta matéria, o valor pago por Sullivan à época equivale a mais de US$ 1 milhão.
A queixa criminal também alega que Sullivan enganou a nova equipe administrativa da Uber sobre a violação.
Em setembro de 2017, após a Uber anunciar seu novo CEO, Sullivan editou um resumo sobre o evento elaborado por sua equipe e encaminhou ao novo CEO.
As edições removeram detalhes sobre os dados obtidos pelos hackers e declararam falsamente que o pagamento só foi feito após a identificação dos criminosos.
Os dois hackers identificados pela Uber foram processados no Distrito Norte da Califórnia. Ambos confessaram o crime em outubro de 2019. Agora, eles aguardam sentença.
Já Sullivan, acusado de obstrução da justiça e má interpretação de um crime, aguarda sua primeira audiência ser marcada.