Em vários momentos de 2022, as criptomoedas reduziram sua correlação com o mercado de ações. Por exemplo, enquanto o índice de ações S&P 500 caía, o preço do Bitcoin e de outras criptomoedas (BTC) subia. Isso voltou a acontecer agora, mas dessa vez com desvantagem para as criptomoedas.
De acordo com um relatório recente do banco Citi, a crise da FTX e seu efeito no mercado reduziu fortemente a correlação entre criptomoedas e ações. Enquanto as bolsas registraram ganhos de 6% em média, as criptomoedas sofreram perdas da ordem de 10%.
O relatório do Citi faz uma análise levando em conta os resultados da semana passada. Ou seja, dados que já incluem a quase falência da FTX e seus efeitos nos preços das criptomoedas. De acordo com o documento, isso enfraqueceu a correlação entre os dois mercados.
Wall Street passou incólume à crise da FTX
Segundo o relatório do Citi, a crise da FTX não foi algo sistêmico que englobou todos os mercados. As criptomoedas caíram forte, mas as ações não sentiram qualquer desempenho negativo. De fato, nem mesmo as ações de empresas ligadas ao setor registraram desvalorizações tão bruscas.
As ações da exchange Coinbase (NASDAQ:COIN), por exemplo, tiveram alta de 6% nos últimos sete dias, embora a crise tenha afetado o setor de exchanges. Já a mineradora Marathon Holdings (MARA) viu seus papéis ficarem estáveis com leve alta de 0,94% no mesmo período.
Quanto aos mercados financeiros puramente tradicionais, também não foram afetados pelo colapso. O S&P 500 registrou alta de 4,59%, enquanto o Nasdaq 100 subiu 0,81% mesmo com a crise das ações de tecnologia. Nas palavras do Citi, “os efeitos de contágio são relativamente isolados dentro das criptomoedas”.
Dada a magnitude das consequências, contudo, ainda não está claro se o caso FTX não terá contágio em outras classes de ativos. Afinal, diversas exchanges já possuem exposição ou negócios em outros setores. Mas o setor de ativos digitais permanece relativamente pequeno em comparação com os mercados tradicionais, acrescentou o Citi.
Exchanges descentralizadas ganham espaço
Ao passo que as exchanges de maior porte sofrem, as exchanges descentralizadas (DEX) começam a ganhar espaço. Essas plataformas não fazem a custódia de criptomoedas, de modo que os fundos dos usuários estão mais seguros.
O Citi observa que os volumes de negociação nas DEX aumentou em até 30% no mês de outubro, chegando a roubar fatias de mercado das exchanges centralizadas (CEXs), “em meio a temores de custódia centralizada”. Em suma, os usuários estão buscando novas formas de negociar suas criptomoedas sem correr o risco de perdê-las.