Raymond Yeung é o diretor das operações chinesas do “Australia and New Zealand Banking Group”.
No seu novo livro, o economista propõe uma solução curiosa para o comércio internacional.
Para ele, uma criptomoeda adotada em escala mundial pode resolver a crise atual entre os Estados Unidos e a China.
Na opinião de Yeung, essa criptomoeda pode enfraquecer o dólar e equilibrar a balança comercial entre ambos os países.
Com o equilíbrio comercial, as tensões entre os EUA e a China tendem a diminuir, o que beneficia os demais países do globo.
Yuan não tem chances contra o dólar
A visão de Yeung foi proposta em seu livro “China’s Trump Card: Cryptocurrency and Its Game-Changing Role in Sino-US Trade“.
Um resumo feito pelo South China Morning Post ressaltou:
“O dólar estadunidense não vai mais ser a moeda global, enquanto a globalização continuar retraindo. Dessa maneira, os EUA e a China deveriam trabalhar juntos para criar uma criptomoeda global. Essa estratégia iria enfraquecer o dólar, encorajando as exportações americanas. Ela também ajuda a equilibrar a balança comercial entre as duas superpotências.”
Para Yeung, é fundamental que a China diminua a sua dependência do sistema financeiro dominado pelo dólar.
Ademais, o economista afirma que a China vai cortar as suas reservas em dólar. O país também vai diminuir, gradualmente, o uso do dólar no comércio exterior.
Contudo, Yeung afirma que o yuan, que é a moeda chinesa, tem poucas chances de enfrentar o domínio do dólar.
Criptomoeda global pode ser utilizada no comércio transcontinental
Atualmente, a China usa os dólares provindos das suas exportações para reinvestir o dinheiro em títulos públicos estadunidenses.
Na prática, os chineses estão “emprestando dinheiro” para os EUA a juros baixos, incentivando os estadunidenses a continuar importando bens e serviços chineses.
A solução é a criptomoeda adotada em escala global, na opinião do economista. Isso acontece porque a criptomoeda não estaria diretamente sujeita à flutuação de valor entre o dólar e o yuan.
Entretanto, a necessidade de adoção mundial e a diminuição da importância do dólar tornam essa ideia difícil de ser executada.
Andrew Sheng, ex-diretor da Comissão de Títulos e Futuros de Hong Kong, comentou a proposta:
“A parte controversa é esperar que o mundo concorde sobre quem iria emitir essa criptomoeda, ou sobre quem iria governá-la e controlá-la. Eu não consigo ver os EUA ficando parados enquanto o dólar é contestado.”
É importante notar que é possível criar uma criptomoeda descentralizada, cujo controle não depende de uma governança central.
No entanto, será difícil convencer os governantes globais a adotarem um projeto inovador a esse ponto.