O banimento dos mineradores de Bitcoin (BTC) da China foi o maior golpe realizado contra a rede da criptomoeda nos últimos anos. Contudo, o poder de processamento (hash rate) se recuperou rapidamente e cresceu nada menos que 170% nos últimos 90 dias.
Como resultado, o atual hash rate do BTC está em 178,5 EH/s (exahashes por segundo), conforme dados do pool btc.com. Este é o maior nível desde os 179,25 EH/s registrados em 13 de maio.
Na esteira do hash rate, a dificuldade de mineração do BTC também está em tendência de alta. De acordo com o pool, a dificuldade deverá subir 6,51% no próximo ajuste, atingindo 23,79 T. O ajuste deverá ocorrer durante este final de semana.
Banimento ampliou descentralização dos mineradores
A fuga dos mineradores da China após o banimento, que ficou conhecida com Grande Migração, foi o exemplo mais claro da resiliência do BTC nos últimos anos. Quando os mineradores desligaram suas máquinas e saíram da China, o hash rate desabou.
Em poucas semanas, a queda atingiu 65% e levou o hash rate total ao mínimo de 68 EH/s. Após sofrer um corte tão brutal, o mercado entrou em pânico e questionou a capacidade de recuperação do sistema.
Porém, à medida que os mineradores se realocaram em outros países e suas máquinas foram ligadas, a mineração se recuperou. Nesse sentido, o que a China fez foi beneficiar a rede, tornando os mineradores mais descentralizados ao redor do mundo.
Conforme dados da Universidade de Cambridge, cerca de 65% do hash rate do BTC era concentrado na China antes da Grande Migração. Depois que os mineradores se dispersaram, esse potencial foi a 0%, enquanto outros países aumentaram sua participação.
O principal ganhador foi justamente o maior adversário da China na atualidade: os Estados Unidos. Ao receber mineradores em regiões como o Texas, os EUA agora respondem por 43% do hash rate total, deixando para trás Cazaquistão (21,9%) e Rússia (13,6%).
Entenda o hash rate
O hash rate é a medida que avalia quanto poder de processamento está sendo dedicado à rede do BTC. Quanto maior essa métrica, mais protegido o BTC estará contra ataques externos. De fato, o crescimento do hash rate fez com que nenhum ataque ao BTC jamais tivesse sucesso.
Além disso, o hash rate garante que os blocos de transações sejam processados a uma média de tempo de 10 minutos. Quando essa métrica cai, as transações podem demorar muito para serem aprovadas e as taxas podem disparar de valor.
Para corrigir este problema, entra em cena o ajuste de dificuldade, que ocorre a cada 2.016 blocos – ou cerca de duas semanas. O ajuste reduz ou aumenta a dificuldade de mineração conforme a evolução no hash rate do BTC.
Dessa forma, se o hash rate cai, a dificuldade é reduzida visando atrair mais mineradores ao mercado. No sentido inverso, a dificuldade é reajustada para cima quando o hash rate aumenta.
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