Depois de tentar inovar criando uma moeda digital, a KodakCoin, e falhar, a Eastman Kodak Co resolveu entrar no ramo de medicamentos. Mas o novo projeto também é bastante questionável.
Isso porque, com um empréstimo de US$ 765 milhões do governo Donald Trump, a Kodak vai fabricar um composto da hidroxicloroquina.
Medicamento não tem eficácia comprovada
O medicamento é usado no combate à malária, mas também é apoiado por Donald Trump e por Jair Bolsonaro para o tratamento da Covid-19.
Entretanto, pesquisas científicas têm mostrado que a droga não tem nenhuma eficácia no tratamento do novo coronavírus.
Mesmo assim, o anúncio do investimento dos EUA fez as ações da empresa, que já dominou o mercado dos filmes fotográficos, dispararem.
Agora, segundo a ISTOÉ, a empresa vai criar a Kodak Pharmaceuticals para produzir remédios nos EUA e diminuir a dependência de produtos estrangeiros.
Analistas céticos
Entretanto, como noticiou a Bloomberg, alguns analistas financeiros e especialistas em desenvolvimento econômico receberam a novidade com ceticismo.
Afinal, a empresa entrou em falência em 2012 por não conseguir se manter atualizada no âmbito da fotografia digital.
Além disso, a Kodak também não conseguiu compensar uma aquisição de bilhões de dólares de uma empresa farmacêutica.
Como se não bastasse, o projeto de criptomoeda KodakCoin anunciado em 2018 foi um fracasso. A criptomoeda baseada em blockchain seria orientada a fotógrafos, com o objetivo de facilitar pagamentos por licenças de fotografias. Mas posteriormente a criptomoeda foi declarada uma falha.
Neste caso, a empresa ainda foi acusada de não pagar os funcionários envolvidos no projeto. Na época a dívida estava em US$ 125 mil.
Por que a Kodak?
Todos esses fatos intrigam os investidores sobre a real motivação por trás do investimento justamente na Kodak.
“Estamos intrigados com a decisão do governo Trump”, escreveram analistas do SVB Leerink. “Em particular, achamos intrigante o motivo pelo qual as empresas farmacêuticas genéricas que têm as capacidades e o know-how para isso ainda não receberam esses contratos”.
Por outro lado, os funcionários do governo Trump e o governador de Nova York, Andrew Cuomo, elogiaram o empréstimo.
“Será o renascimento do grande estado de Nova York como potência industrial”, disse Peter Navarro, consultor comercial do presidente Trump.