Ethereum é, para muitos, uma das principais criptomoedas concorrentes do Bitcoin atualmente. Para outros, trata-se de uma rede com potencial ainda maior. Neste texto vamos aprender sobre o que é o Ethereum, como funciona e para quais aplicações ele foi desenhado. Por isso, vamos conhecer mais a fundo esta criação!
O que é Ethereum?
O Ethereum é uma plataforma que permite a programação de diversas estruturas descentralizadas. Assim como o Bitcoin, também é possível transferir valores com o Ethereum. No entanto, sua maior característica é permitir ao usuário criar desde aplicativos, jogos e até startups inteiras dentro desta rede.
A criação do Ethereum se deu justamente por causa de limitações na rede do Bitcoin. Quando a criptomoeda foi lançada, muitos usuários se queixaram de que seu uso era limitado apenas ao envio de valores. Criar aplicações mais complexas na blockchain do Bitcoin até era possível, mas o processo era inviável.
As sidechains, estruturas que funcionam em paralelo à blockchain do Bitcoin, não eram práticas para esta função. Essa limitação foi notada por um jovem programador russo-canadense chamado Vitalik Buterin. Em 2013, ele anunciou que lançaria uma nova blockchain, intitulada Ethereum.
Da mesma forma que o Bitcoin, milhares de computadores distribuídos ao redor do mundo são utilizados para proteger o Ethereum. É praticamente impossível ocorrer um único ponto de falha. Afinal, são mais de 10 mil computadores que fazem a segurança da blockchain atualmente, os chamados nós da rede. Eles podem ser consultados no site Ethernodes.
Nós de Ethereum
Desde o seu lançamento, a plataforma vem crescendo e ganhando cada vez mais usuários. Diversas aplicações foram criadas utilizando a blockchain Ethereum. Tanto pessoas quanto empresas já se beneficiam dos benefícios trazidos pela rede. Eis alguns exemplos de companhias que já utilizam o Ethereum:
- Microsoft (NASDAQ:MSFT); (SA:MSFT34)
- BMW (DE:BMWG);
- Santander (MC:SAN); (SA:SANB11)
- Google (NASDAQ:GOOGL); (SA:GOGL34)
- Amazon (NASDAQ:AMZN); (SA:AMZO34)
- Mastercard (NYSE:MA); (SA:MSCD34)
Vitalik Buterin
Ao contrário do Bitcoin, o Ethereum tem um criador cuja face é conhecida de todo o mundo das criptomoedas. Seu nome é Vitalik Buterin, programador russo-canadense nascido na Rússia em 1994. Aos seis anos de idade, sua família se mudou para o Canadá em busca de melhores oportunidades. E foi lá em que o gênio de Buterin floresceu.
Em 2011, o pai de Buterin foi o responsável por dar a ele seu primeiro contato com o Bitcoin. Na época, ele tinha apenas 17 anos, mas já era considerado uma criança superdotada. Ele já tinha amplos conhecimentos sobre matemática, programação e economia. Em 2012, ganhou medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Matemática.
No fim do ano, Buterin voltou a Toronto. Ainda em 2012, ele foi um dos criadores da Bitcoin Magazine, uma das mais conhecidas publicações sobre Bitcoin. Ele passou os meses seguintes trabalhando no white paper do Ethereum, publicado em 2013. Ele frequentou a Universidade de Waterloo, mas abandonou em 2014.
No mesmo ano, Buterin recebeu a Thiel Fellowship, bolsa concedida pela organização de Peter Thiel, cofundador do PayPal, no valor de US$ 100 mil. Após conseguir a bolsa, ele foi trabalhar no Ethereum em tempo integral, juntamente com Joseph Lubin.
Buterin contribuiu como desenvolvedor para outros projetos de software de código aberto. Ele também contribuiu com DarkWallet de Cody Wilson, bibliotecas Bitcoin Python e o site de mercado de criptomoedas Egora. Atualmente, ele faz parte da Ethereum Foundation, ONG que cuida do desenvolvimento do Ethereum, e é voz ativa na comunidade de criptomoedas.
Vitalik Buterin, cocriador do Ethereum
Ether Antes de falar sobre o token, é importante esclarecer algo sobre os termos Ethereum e Ether. Em muitos casos, Ethereum é utilizado para falar tanto sobre a blockchain quanto sobre seu token. Neste texto, porém, adotaremos nomenclaturas separadas: Ethereum, quando falarmos da blockchain, e Ether quando falarmos da criptomoeda.
Após o lançamento do white paper do Ethereum, a criptomoeda foi lançada oficialmente em 30 de julho de 2015. Seu lançamento ocorreu através de uma Oferta Inicial de Moedas (ICO, na sigla em inglês). Esta oferta teve a mineração antecipada de 11,9 milhões de Ethers (ETH), a criptomoeda nativa da rede.
Com isso, foi lançado o token Ether (ETH), que é o combustível do Ethereum. Ao contrário do que muitos pensam, o Ethereum não teve a primeira ICO da história, mas popularizou esse conceito de financiamento. A ETH é o token que alimenta a blockchain Ethereum, sendo fundamental para realizar qualquer transação.
Seja para a criação de uma ICO, a criação de alguma empresa ou rede, a ETH é necessária. Por conta da alta demanda pelo Ethereum por parte de pessoas e empresas, o token rapidamente se valorizou. Hoje ele perde apenas para o Bitcoin em valor de mercado, e segue com forte demanda.
Cotação do Ethereum
Em 7 de agosto de 2015 (data do primeiro registro histórico), a ETH valia US$ 3,36, cerca de R$ 17,80 nos dias atuais. O preço da criptomoeda teve o seu auge no ano de 2018. Enquanto a bolha do Bitcoin perdia força, o preço da ETH disparou e atingiu seu auge naquele ano, quando foi negociada a US$ 1.329.
Em reais, a máxima histórica da ETH foi de R$ 7.100, também em 2018. Desde então, a cotação do ETH teve uma forte queda. O ETH hoje está longe das máximas daquele ano. No entanto, a criptomoeda segue altamente demandada e sendo a líder entre todas as moedas alternativas (altcoins), ficando atrás apenas do Bitcoin.
Variações de preço do Ethereum
Ethereum e preço Assim como no Bitcoin, o preço da ETH também depende da oferta e da demanda pela criptomoeda. No entanto, no Ethereum esse preço varia conforme outros fatores. Por exemplo, quanto mais a rede for utilizada para executar programas descentralizados, maior será a demanda pelo token, o que causará impacto no seu preço.
No Bitcoin, a demanda costuma ser atrelada ao seu uso como moeda ou como ativo digital. Já no Ethereum, a demanda está ligada ao uso do poder computacional. Como a blockchain se propõe a ser um “supercomputador descentralizado”, quanto maior o seu uso, maior será a demanda pelo token.
Blockchain e o propósito do Ethereum
O propósito do Bitcoin é ser utilizado com uma moeda, ou seja, um meio de transferir valores. Por outro lado, o foco do Ethereum é ser uma plataforma que permite a programação aplicações descentralizadas e contratos inteligentes. Sim, é possível utilizar o ETH para transferir valores, mas essa não é sua principal função.
O Ether é usado como uma moeda para comprar poder computacional no computador mundial, que é o Ethereum. Com esse poder computacional, pessoas e empresas podem desenvolver várias aplicações na blockchain. Essas aplicações são totalmente descentralizadas, não dependem de um servidor ou órgão central para funcionarem.
Isso traz uma grande vantagem para aplicações desenvolvidas no Ethereum. Por exemplo, uma empresa pode criar um sistema de apostas que nenhum governo é capaz de censurar ou bloquear. Ou alguém pode desenvolver um token lastreado em uma moeda fiduciária que não pode ser confiscado nem emitido por nenhum estado.
Ilustração sobre blockchain
Além disso, as aplicações existentes para o Ethereum são muitas. Nos últimos anos, a blockchain tem sido utilizada de maneiras cada vez mais inovadoras. Vamos conferir abaixo quais os principais usos atuais do Ethereum. Veremos mais sobre cada aspecto dessas funcionalidades nos próximos textos:
- ICO: a já citada ICO é uma forma de captação de dinheiro através da emissão de tokens. Essa forma dispensa bancos, investidores-anjo e outros intermediários, conectando empresas diretamente aos investidores;
- Jogos: os jogos em blockchain são uma tendência crescente. Eles funcionam em redes descentralizadas e possibilitam coisas como a criação de campeonatos com recompensas em criptomoedas e a criação de colecionáveis digitais, entre outros;
- NFTs: falando em colecionáveis, temos os tokens não fungíveis, ou NFTs na sigla em inglês. Esses tokens são itens marcados de forma especial, o que os torna únicos e, portanto, raridades de colecionador. E com a blockchain, não podem ser fraudados nem copiados;
- DeFi: sigla para finanças descentralizadas. O objetivo das DeFi é proporcionar os mesmos serviços financeiros tradicionais, mas sem uma autoridade central. Assim, os usuários não precisarão dos bancos para emprestar dinheiro, ter acesso a crédito ou coletar juros sobre investimentos em criptomoedas.
Vantagens do Ethereum
Não há como afirmar com certeza se o Ethereum é melhor que o Bitcoin ou outras criptomoedas. O que é possível afirmar é que o projeto tem suas vantagens. Dentre as vantagens do Ethereum estão:
- Imutabilidade: cada transação que ocorre na blockchain Ethereum é imutável. Não há como reverter, bloquear ou cancelar transações quando estas são registradas na blockchain Ethereum;
- Descentralização: por usar um mecanismo de consenso, o Ethereum elimina a necessidade de uma autoridade central ou de um intermediário. Por isso, várias de suas aplicações podem ser executadas sem intervenção humana;
- Confiabilidade Ethereum existe há mais de 5 anos, com novos aplicativos sendo criados e executados na blockchain. Apesar do Caso DAO (que veremos mais adiante), a rede nunca foi violada ou atacada com sucesso neste período;
- Programação: por ser programável, o Ethereum permite que desenvolvedores possam usá-lo para criar aplicativos descentralizados. Isso pode incluir serviços financeiros, jogos, contratos inteligentes e muito mais.
Desvantagens do Ethereum
Como é de se esperar, o Ethereum também tem suas desvantagens. Algumas buscam ser resolvidas com a atualização Ethereum 2.0, contudo, nem todas foram cobertas. Dentre as desvantagens estão:
- Escalabilidade: o Ethereum não possibilita aplicações que dependem de escala para funcionar. Com isso, é comum que a rede fique sobrecarregada ou com taxas de uso extremamente altas em momentos de pico;
- Histórico: mesmo sem ter sofrido ataques diretos, o Ethereum tem diversos históricos negativos. A rede inclusive já foi vítima de uma séria divisão (hard fork). Isso ainda deixa os usuários com receio de utilizá-la para algumas aplicações;
- Tamanho: a blockchain do Ethereum é muito mais pesada que a do Bitcoin. Com isso, os nós poderão enfrentar problemas de armazenamento no futuro. Isso pode prejudicar a rede e torná-la mais centralizada.
E o Ethereum hoje?
Vale a pena investir em Ethereum hoje? Como toda criptomoeda, a ETH está sujeita a alta volatilidade, o que as torna com alto risco e alto investimento de recompensa. Os preços podem subir e cair de 20 a 50% em poucas horas, o que pode ser uma oportunidade e um aviso. Além disso, a ETH e o Bitcoin possuem propósitos diferentes, o que pode requerer estratégias de investimento diferentes.
Se você deseja investir na ETH, é recomendável exercer a devida diligência e investir apenas o que pode perder. E tenha ciência de que o Ethereum não é uma reserva de valor, mas uma rede para outras aplicações. Importante saber também que propostas como “Free Ethereum” devem ser evitadas. É comum que golpistas ofereçam dar o dobro de ETH sobre uma quantia depositada.
Dada a quantidade de trabalho realizado para estabelecer o Ethereum, pode-se dizer com segurança que chegou para ficar. Então, a valorização do seu token ainda pode render bons lucros. No entanto, quando se trata de investimento, não há garantias. E jamais invista em algo sem realmente conhecê-lo.