O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou sobre as razões que levaram a autarquia a anunciar a nova nota de R$ 200.
No evento virtual “Estadão Virtual Talks”, Campos Neto afirmou que houve um descompasso entre oferta e demanda de dinheiro. Por isso, o Bacen achou necessário criar a nova nota.
“Vamos precisar de mais dinheiro de forma mais rápida”, disse.
Entesouramento e auxílio diminuíram oferta de notas
Segundo o presidente do Bacen, houve um aumento na demanda por dinheiro desde o início da pandemia. Com isso, a quantidade de notas em circulação passou a ser insuficiente.
Campos Neto cita três fatores que contribuíram para isso. O primeiro foi o entesouramento de dinheiro observado na pandemia, não apenas no Brasil. As pessoas passaram a guardar mais dinheiro, com receio da crise se prolongar.
O segundo fator foi o pagamento do auxílio emergencial. A ajuda de R$ 600 custa R$ 50 bilhões por mês, o que levou o governo a precisar aumentar a quantidade de dinheiro em circulação.
Por fim, houve um menor retorno de dinheiro em espécie para o BC. Isso porque os bancos pagam uma taxa de custódia pelo serviço e consideram que, neste momento, ela não compensa.
Nota não terá impacto na inflação Será que a nova nota é um sinal que a inflação pode voltar? Afinal, o Brasil tem um histórico recente de hiperinflação que ainda é temido.
Porém, Campos Neto afirmou que não existe tal risco.
“É consenso entre economistas que a nota de R$ 200 não trará mais inflação”, afirmou.
Outro risco apontado é que a nota facilite a lavagem de dinheiro. Por exemplo, foi esse risco que levou a União Europeia a extinguir a nota de 500 euros em 2019. Ela era a cédula de maior valor nominal do euro.
Porém, o presidente do Bacen também minimizou esse risco. Para ele, o processo de digitalização do sistema financeiro que vem sendo implantado paralelamente pelo BC é “a melhor forma” de combater esses casos. Um exemplo desse processo é a implementação do PIX.