A Unick, também conhecida como Unick Forex e Unick Academy, foi uma pirâmide financeira de criptomoedas. Ela lesou diversos clientes e o prejuízo estimado supera R$ 12 bilhões.
O processo supostamente deveria ser retomado nos dias 26 e 27 deste mês. Desta forma, considerando ainda a alta das criptomoedas, é importante lembrar do caso.
Abaixo, é possível conferir os fatos mais marcantes.
Unick: não oferecemos investimentos
Apesar de oferecer retornos de 30% fixos ao mês, a Unick foi à público no início de 2019 afirmar que não oferecia investimentos.
Este foi o argumento usado pela Unick Forex para entrar um número maior de investidores. À época, a empresa ainda tinha “forex” em seu nome.
Ainda em 2019, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apertar o cerco contra a empresa — inclusive com condenações, a Unick tentou se esquivar da pressão regulatória.
Para isso, retirou o “forex” do nome em julho daquele ano e passou a se chamar Unick Academy. Tudo mudou, até o site da Unick Academy e login.
A justificativa era alinhada com a ideia de não oferecer investimentos.
Importante ressaltar que nesta época é expresso que a CVM não autoriza Unick a operar no mercado nacional.
Unick afirma que não vai parar
Após a mudança de nome e suposta mudança de escopo para serviços educacionais, a agora Unick Academy afirmou que continuaria operando.
Entretanto, a CVM emitiu uma ordem de suspensão das atividades, que não foi cumprida. Em setembro de 2019, a pirâmide começou a exibir os primeiros indícios de ruína.
A Unick se tornou recordista de reclamações no Reclame Aqui por não pagamento, o que mostra a proporção do alcance da empresa — bem como do número de pessoas lesadas.
A situação escalou para um protesto de investidores lesados na frente da empresa. A Unick até mesmo virou objeto de reportagem do SBT.
De repente, um rápido desfecho ocorreu.
Prisão de líderes da Unick
No dia 17 de outubro de 2019, unidades da Unick foram alvos de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal.
Então, no dia seguinte, diversas figuras de liderança da empresa foram presas. Leidimar Lopes, tido como maior cabeça do esquema, estava entre os presos.
Além de Leidimar, Danter Silva (do marketing) e Fernando Lusvarghi (do jurídico) também foram presos. Junto com as pressões, foi efetuada a apreensão de 1.500 Bitcoins, hoje superando os R$ 280 milhões.
Em novembro do mesmo ano, o site da Unick e login saíram do ar. Foi então que investidores começaram a perder as esperanças de restituição.
Ainda no mesmo mês, as investigações culminaram no indiciamento de 13 pessoas e uma denúncia do Ministério Público.
Líder da Unick: “eles que se f**am…”
Em janeiro de 2020, um áudio de uma conversa de Leidimar Lopes foi vazado.
Nele, Leidimar afirma que nunca falou que devolveria dinheiro dos seus clientes, falando sobre a onda de saques da empresa.
Ele então completa: “eles que se f**am agora…”. Para Leidimar, pedidos são saque não eram corretos, pois a empresa foi feita “para quem quer continuar”.
Leidimar e supostamente seu cunhado, durante a conversa, falam sobre andarem armados com medo das ameaças de clientes lesados.
Líderes da Unick em liberdade
Em fevereiro de 2020, a prisão preventiva de três líderes da Unick foi revogada. Danter Silva, Marcos da Silva Kronhardt e Paulo Sérgio Kroeff poderiam ser soltos mediante ao pagamento de R$ 200 mil em fiança.
Contudo, todos eles afirmaram não possuir a quantia. Não demorou muito para que fossem soltos por conta do coronavírus, inclusive Leidimar Lopes.
Isso não impediu que ex-líderes continuassem atuando. O ex-diretor jurídico da Unick Forex, Fernando Lusvarghi, fez uma live em abril de 2020 para anunciar “novos projetos”.
Desde então, pouco mudou para os investidores, que mais de um ano após o desmantelamento da pirâmide não receberam seus valores.
A Unick ficará marcada para sempre no mercado brasileiro como uma lembrança muito amarga.