O preço do Bitcoin (BTC) se valorizou 14% nos últimos dias e chegou a superar a barreira dos US$ 50.000. No entanto, as taxas de transação seguiram em níveis surpreendentemente baixos, bem como o número de transações em si.
Segundo o site mempool.space, as taxas de transação estão a níveis relativamente baixos. No momento da escrita deste texto, as taxas estão em 0,00000003 BTC por bite, ou cerca de R$ 1,11 na cotação atual.
Ou seja, está mais barato enviar Bitcoin apesar da forte alta. No entanto, o preço em ascensão deveria significar taxas mais caras, como houve em 2017 e em maio deste ano. Sendo assim, o que explica o cenário atual?
Transações em sua mínima histórica
Em primeiro lugar, um dos motivos para os preços baixos é justamente a falta de transações na rede. Com menos pessoas transacionando BTC, a rede fica menos congestionada. De acordo com a própria mempool, muitos blocos chegaram a ser aprovados com apenas 117 transações.
Outra avaliação é do relatório semanal da Glassnode, que analisa a quantidade de transações na rede com base em uma média de 14 dias. De acordo com os dados, o nível atual de transações está mais próximo dos últimos mercados de baixa do de momentos de alta.
“Os volumes de transações estão muito baixos, com a rede Bitcoin registrando em torno de US$ 18,8 bilhões em volume diário. Isso é 37% menos do que no pico da bolha de 2017, e impressionantes 57,6% abaixo do pico estabelecido durante a última queda de maio de 2021″, disse a empresa.
Curiosamente, os momentos citados pela Glassnode têm em comum ou o rali de alta no preço ou a alta volatilidade. Nesse sentido, os investidores tendem a movimentar seus BTC para realizar lucros, ou então vendê-los para reduzir os prejuízos durante as correções. Nada disso, porém, está acontecendo agora.
Holders se recusam a vender
Aparentemente, a explicação está nos investidores de longo prazo, aqueles que acumulam grandes somas de BTC durante as quedas. A princípio, esses investidores parecem estar vendendo, visto que o gasto de BTCs antigos aumentou segundo a Glassnode. Ou seja, BTCs que foram comprados há mais tempo estão se movimentando, o que pode indicar realização de lucros.
Contudo, o número total de criptomoedas nas mãos desses investidores disparou nos últimos 100 dias, o que indica acumulação líquida. Isto é, há mais BTC nas mãos de pessoas que não pensam em vender agora. Especificamente, 12,7 milhões de BTC (67% das moedas em circulação) estão nas mãos desses holders.
Em março, o número de BTC nas mãos desses investidores atingiu os menores níveis em anos. Portanto, a recuperação sugere que os investidores não estão dispostos a vender. Pelo contrário, a acumulação segue retirando mais BTC do mercado, o que pode impactar positivamente o preço no médio e longo prazo.