Por Geoffrey Smith
Investing.com – O estresse voltou a afetar o mercado cripto.
O FTT, token nativo da exchange FTX, de Sam Bankman-Fried, flertou com uma mínima recorde na segunda-feira, após uma briga no fim de semana envolvendo a Binance, apoiadora de longa data da corretora e também uma das suas principais rivais.
O CEO da Binance, Changpeng Zhao, levantou dúvidas sobre a estabilidade do token FTT e implicitamente da FTX no domingo, anunciando que a Binance liquidará toda a sua posição em FTT, após “certas revelações” na semana passada indicarem práticas questionáveis para respaldar seu valor.
O executivo, autodenominado “CZ”, retratou a liquidação como “uma gestão de risco pós-saída”, fazendo analogia com o colapso da rede Terra/Luna no início do ano, levando diversas empresas de investimento em criptos à falência. Ele procurou esconder toda a sua fúria.
“Já demos suporte antes, mas não vamos fingir fazer amor depois do divórcio”, declarou Zhao via Twitter. “Não somos contra ninguém. Mas não vamos dar suporte a pessoas que fazem lobby contra outros players da indústria nas suas costas”.
Ele não detalhou a última alegação.
As ações de Zhao são relevantes, na medida em que a FTX e outras afiliadas controladas por Bankman-Fried tiveram um papel importante para interromper a crise sistêmica no universo de investimentos em criptos desde o colapso da Terra/Luna.
A saída da Binance pode estar repleta de riscos de execução, já que Zhao reconheceu que pode levar meses para desfazer toda a posição da Binance.
Sem especificá-lo, Zhao referiu-se a um documento citado pela Coindesk mostrando que a Alameda Research, um fundo de hedge de criptos com participação majoritária de Bankman-Fried, havia acumulado uma enorme posição em depósitos de FTT ou garantias no fim de junho, equivalente a um terço dos ativos totais de US$ 14,6 bilhões. Cabe notar que o valor de mercado de todos os FTTs restantes no dia era de apenas US$ 3,32 bilhões, de acordo com estimativas da Protos.
A CEO da Alameda, Caroline Ellison, rechaçou a alegação de que havia inflacionado o valor da sua carteira de FTTs para esconder eventuais problemas de solvência.
“Esse balanço específico é para um subconjunto de nossas entidades corporativas”, tuitou Ellison, dizendo que a Alameda tinha mais de US$ 10 bilhões em ativos que não constam do documento publicado pela Coindesk.
“Obviamente temos hedges que não estão listados”, afirmou, dizendo ainda que “devido às restrições no mercado de crédito de criptos, este ano retornarmos a maioria dos nossos empréstimos”.
A Coindesk citou que os passivos de dívidas da Alameda eram de US$ 7,4 bilhões, incluindo passivos em criptos.
Como sinal de força financeira da Alameda, Ellison se ofereceu para comprar todos os FTTs restantes da Binance imediatamente.
"@cz_binance, se você deseja minimizar o impacto de mercado sobre suas vendas de FTTs, a Alameda ficaria feliz em comprar toda a sua carteira hoje a US$ 22 [por unidade]!”, escreveu Ellison.
Os tokens de FTT se desvalorizaram 15% no fim de semana devido à disputa, antes de se recuperar. No início desta segunda-feira, registrava uma queda de 3,1%, a US$ 22,45, repicando levemente em relação à mínima de US$ 21,60 de domingo.
O próprio Bankman-Fried confirmou que a FTX havia processado grandes quantidades de resgates de clientes no fim de semana, após o que chamou de “rumores infundados”. No entanto, ele minimizou o incidente, classificando-o como temporário.
“No fim, você deve fazer o que lhe convém e negociar o que quiser. Somos gratos a todos que decidirem ficar e, quanto tudo isso acabar, ficaremos felizes em receber a todos de volta”, tuitou Bankman-Fried.