Muito se fala sobre o halving do Bitcoin, se o valor do criptoativo vai subir antes ou depois, se vai subir apenas antes ou apenas depois. Muito se questiona sobre o cenário da mineração, o que vai acontecer após o halving, se a indústria de mineração vai morrer de fome, se os mineradores vão achar nada rentável e vão parar, causando um colapso da rede do Bitcoin.
Antes de abordar o que isso significa para mineradores e investidores, é necessário entender algo.
O que é o halving do Bitcoin? O halving é talvez o evento mais importante do Bitcoin, que tem ligação direta com os fundamentos do criptoativo. Satoshi Nakamoto, ao escrever o whitepaper do Bitcoin, falou sobre a criação de uma criptomoeda não inflacionária.
Isso significa que seu suprimento será limitado, não será possível “imprimir” mais BTC, como é feito com moedas fiduciárias. São 21 milhões de Bitcoins ao todo, dos quais mais de 85% já foram minerados (18.210.325 BTC).
Se o Bitcoin tem pouco mais de 11 anos e mais de 85% do seu suprimento já foi minerado, a mineração deve acabar em breve, certo? Não, e para isso existe o halving. A cada 210.000 blocos (ou seja, não há um período de tempo específico) as recompensas obtidas pela mineração de Bitcoin são reduzidas pela metade.
Isso significa que a partir de maio de 2020, terceiro evento de halving do Bitcoin, apenas 6,25 BTC serão obtidos com a resolução de cada bloco, reduzindo a quantidade de Bitcoins obtidos diariamente de 1.800 para 900 BTC. Ao todo, serão 64 halvings, estando o último previsto para ocorrer em 2140.
Apesar do halving ser calculado de acordo com o número de blocos resolvidos, a estimativa que se tem é que o evento ocorra a cada quatro anos.
Então o que é o halving do Bitcoin? É o mecanismo previsto no protocolo para evitar a inflação da criptomoeda, garantindo que o criptoativo valorize impulsionado por um fundamento mercantil, qual seja a lei da oferta e demanda.
E quando acabar os Bitcoins a serem minerados? Os mineradores da rede serão remunerados por meio das taxas transacionais, como ocorre com o modelo de prova de participação. Note-se que isso não gera mais Bitcoins em circulação, apenas “enxuga” o montante que será transacionado e entrega uma pequena parte aos mineradores.
Desta forma, não há como escapar: apenas 21 milhões de Bitcoins existirão no mercado. A expectativa é que, com o aumento dos casos de uso e a crescente necessidade por Bitcoin para utilizar as ferramentas, a valorização da moeda aumente – ou seja, a demanda aumentará e a oferta permanecerá a mesma.
O que acontece com a mineração? Bom, conforme previsto por especialistas do ramo de mineração como Rocelo Lopes, CEO do pool de mineração CoinPY, este halving marca o fim definitivo da “mineração caseira”. Tendo em vista os altos custos com energia e manutenção da operação, não é mais vantajoso minerar Bitcoin sem posicionar o equipamento em um pool de mineração.
A declaração foi dada durante um episódio do programa Debate Descentralizado, exibido pelo canal do YouTube Dash Dinheiro Digital. Outros profissionais da área, como o jornalista do Cointelegraph Brasil Cassio Gusson, seguiram a mesma linha de Lopes.
Além disso, os próprios pools de mineração deverão se adequar ao halving. A Bitmain, maior fabricante de hardwares de mineração e um dos maiores pools de mineração de Bitcoin, iniciou uma demissão em massa antes do halving com a redução de custos em mente.
Desta forma, espera-se uma maior profissionalização da indústria de mineração após o terceiro halving do Bitcoin, juntamente com um esforço para tornar as operações mais enxutas.
O que devem esperar os investidores? Trata-se de um ponto delicado. Uma das tendências de halvings passados, que é a valorização do Bitcoin seis meses antes do evento, não se concretizou o evento previsto para ocorrer em maio.
Ademais, o mercado de criptoativos como um todo está muito diferente do que era durante os dois halvings passados. É difícil precisar quais as movimentações do valor do Bitcoin antes do halving.
Muitas são as opiniões de especialistas, como uma valorização até US$50 mil após o halving, contrastada por uma previsão que diz para não criar expectativas de valorização após o evento. Até mesmo o CriptoFácil já publicou um vídeo sobre o tema, falando sobre a possibilidade de valorização, ao mesmo tempo em que destaca sua incerteza.
O importante é não criar expectativas de enriquecimento com base no halving, mas manter-se alerta caso elas apareçam.
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