FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu pode estar em posição de cortar as taxas de juros antes do recesso de verão, possivelmente em junho, já que a inflação está voltando para a meta de 2%, disse o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, nesta sexta-feira.
Os comentários colocaram Nagel a uma longa lista de autoridades que aparentemente defende um corte em junho e sugerem que o BCE será o segundo grande banco central depois do suíço a começar a desfazer a série recorde de aumentos nos juros.
"Está aumentando a probabilidade de vermos o primeiro corte nas taxas antes das férias de verão", disse Nagel em um webcast da MNI.
"Se eu colocasse em probabilidades, definitivamente algo em junho tem uma probabilidade maior do que em abril."
Os mercados agora veem 89 pontos-base de cortes nos juros, ou pelo menos três, mas possivelmente quatro, movimentos de 25 pontos, com o primeiro em junho ou julho.
Um corte inicial, entretanto, não implica em movimentos subsequentes, já que não haverá automatismo no afrouxamento da política monetária e o BCE planeja tomar decisões reunião por reunião, à medida que novos dados forem chegando, acrescentou Nagel.
"Temos que ser vigilantes, temos que ser cautelosos", acrescentou Nagel.
Parte da cautela se deve ao fato de que o crescimento dos salários continua robusto, aumentando o risco de que o aumento da renda familiar possa manter os preços sob pressão.
"Ainda temos fortes aumentos salariais no primeiro trimestre", disse Nagel sobre a Alemanha. "Ainda observamos demandas salariais bastante elevadas por parte dos sindicatos."
Os trabalhadores perderam uma grande parte de sua renda real devido à inflação elevada nos últimos dois anos, de modo que o BCE há muito argumenta que eles têm direito a uma recuperação.
O risco é que as demandas não sejam moderadas quando esse processo de recuperação for concluído e a inflação for perpetuada, especialmente porque o desemprego está em níveis recordes de baixa e os sindicatos têm uma forte posição de negociação.
Essa incerteza é a razão pela qual o BCE ainda deve esperar mais alguns meses antes de reduzir os juros e não deve assumir compromissos de longo prazo com uma trajetória de taxa de juros, acrescentou Nagel.
(Reportagem de Balazs Koranyi)