SÃO PAULO (Reuters) - “Truque de Mestre: O 2o Ato” é incapaz de esconder aquilo que é exatamente: a continuação desnecessária, que se tornou obrigatória quando o filme original, de 2013, fez um sucesso enorme e inesperado. Por mais acrobacias, malabarismos e pirotecnias que o diretor Jon M. Chu – que tem no currículo “Justin Bieber: Never say never” e “Ela Dança, Eu Danço 4” – faça, cada cena reitera o questionamento: qual é a desse filme?
“Um Truque de Mestre”, o original, fez sucesso pelo seu humor e sagacidade ao ambientar um filme sobre roubo no mundo da mágica. É como se fosse uma espécie de “11 Homens e um Segredo” protagonizado por ilusionistas. Agora que a magia acabou, que os truques foram revelados e nenhum coelho sobrou na cartola, o roteirista Ed Solomon – também do original – mostra que não é nenhum Houdini, e cria uma trama um pouco sem pé nem cabeça, que rende inexplicáveis 129 minutos.
Todos os personagens principais estão lá novamente, os Quatro Cavaleiros – numa alusão ao apocalipse –, interpretados por Jesse Eisenberg, Woody Harrelson e Dave Franco, com a introdução de Lizzy Caplan, como uma “cavaleira” (substituindo Isla Fisher), chamada Lula (mas que, estranhamente, as legendas traduzem como “Lola”). Talvez o humor da personagem seja o que há de melhor no filme, que também traz como novidade Daniel Radcliffe (esforçado, exagerado, desnecessário) e Michael Caine (no piloto automático, e ganhando um dinheirinho fácil).
Dylan (Mark Ruffalo, a melhor presença no filme), chefe dos Cavaleiros, acaba sendo exposto, e seu disfarce no FBI já não poderá mais ser usado, até porque ele está sendo perseguido pelos seus ex-colegas da agência. O primeiro golpe consiste em hipnotizar um jovem presidente de uma corporação e, durante um mega lançamento, revelar planos de invasão de privacidade por meio de uma nova tecnologia.
Quando tudo dá errado, o quarteto acaba sequestrado e levado para Macau, onde encontram o personagem de Radcliffe, Walter Marbry, um jovem vilão mimado e chato, que os obriga a participar do roubo de um circuito capaz de decodificar e invadir qualquer computador no mundo. Esse é o pretexto para uma série de perseguições, correrias e malabarismos, resultando na cena do roubo, que é mais longa do que deveria, e com uma série de ilusionismos, o ponto alto do filme, que traz entre seus produtores David Copperfield.
É inegável que existam bons momentos em “Truque de Mestre: O 2o Ato”, mas eles acabam diluídos em meio a tanta coisa – talvez seja um dos filmes mais hiperativos da história recente. O mesmo acontece com os ilusionismos: alguns até são reais, mas muito se deve à magia do cinema (o que nem é um problema) do que à capacidade humana de iludir. E que ninguém se engane: uma nova sequência já está prevista.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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