Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta sexta-feira impor sobretaxas de 20 por cento sobre exportações de veículos da União Europeia, um mês depois que seu governo iniciou análise sobre se as importações de automóveis europeus representam uma ameaça à segurança nacional.
"Se estas tarifas e barreiras não forem quebradas e removidas, vamos colocar uma tarifa de 20 por cento sobre todos os carros deles que vierem aos EUA. Fabriquem eles aqui!", escreveu Trump em sua conta no Twitter.
As ações do setor reagiram negativamente aos comentários de Trump. O índice europeu automotivo chegou a cair fortemente após o tuíte do presidente norte-americano e, por volta das 12:34 (horário de Brasília), cedia 0,64 por cento.
Enquanto isso, os papéis da Ford Motor e da General Motors (NYSE:GM) subiam cerca de 0,2 por cento, devolvendo perdas iniciais.
O Departamento de Comércio dos EUA está investigando se as importações de automóveis e autopeças representam um risco à segurança nacional. O prazo para conclusão das investigações é fevereiro de 2019, mas o secretário de Comércio, Wilbur Ross, disse na quinta-feira que o órgão planeja encerrar os trabalhos muito antes, até o final de julho ou agosto.
O departamento planeja dois dias de audiências públicas em julho sobre as investigações.
Trump referiu-se repetidamente aos embarques de veículos alemães para os Estados Unidos com crítica.
Em reunião com montadoras na Casa Branca, em 11 de maio, o presidente norte-americano afirmou que planejava tarifas de 20 ou 25 por cento sobre alguns veículos importados, criticando duramente o superávit comercial automotivo da Alemanha com os EUA.
Atualmente, os EUA impõem uma taxa de 2,5 por cento sobre carros de passageiros importados da União Europeia, e de 25 por cento sobre caminhonetes importadas. A UE, por sua vez, taxa em 10 por cento os carros norte-americanos.
A proposta de sobretaxa foi acentuadamente condenada por parlamentares republicamos e grupos empresariais. Um deles representando grandes montadoras norte-americanas e estrangeiras disse estar "confiante de que as importações de veículos não representam um risco à segurança nacional".
A Câmara de Comércio dos EUA observou que a produção norte-americana de automóveis dobrou na última década, afirmando que as tarifas "seriam um golpe tremendo à própria indústria que se pretende proteger e ameaçaria iniciar uma guerra comercial global".
As montadoras alemãs Volkswagen (DE:VOWG_p), Daimler e BMW fabricam veículos em unidades nos Estados Unidos. A BMW está entre os maiores empregadores da Carolina do Sul, tendo mais de 9 mil trabalhadores no estado.
Em 2017, os EUA responderam por cerca de 15 por cento das vendas globais da Mercedes-Benz e da BMW. O país corresponde a 5 por cento das vendas da Volkswagen e 12 por cento da Audi.