LAGOS (Reuters) - A cidade nigeriana de Lagos interditou e colocou em quarentena, na segunda-feira, um hospital onde um homem morreu de ebola, o primeiro caso registrado da doença altamente infecciosa no país mais populoso de África.
Patrick Sawyer, consultor do Ministério das Finanças da Libéria, de 40 anos, entrou em colapso ao chegar ao aeroporto de Lagos em 20 de julho e foi colocado em isolamento no hospital First Consultants em Obalende, uma das partes mais movimentadas da cidade de 21 milhões de pessoas. Ele morreu na sexta-feira.
"Nós tivemos que fechar o hospital para que possamos colocar o ambiente devidamente em quarentena. Alguns dos funcionários do hospital que estiveram em contato próximo com a vítima foram isolados", disse o comissário estadual de Saúde de Lagos, Jide Idris, à TV nigeriana.
O hospital será fechado por uma semana e todo o pessoal monitorado para garantir que o vírus não se espalhe, acrescentou.
O surto de ebola já matou 672 pessoas em toda a Guiné, Libéria e Serra Leoa desde que o primeiro caso foi diagnosticado em fevereiro.
A taxa de mortalidade é de 90 por cento entre os contaminados, embora a taxa de mortalidade da epidemia atual seja de cerca de 60 por cento. Altamente contagiosa, especialmente nos estágios finais, os sintomas da doença incluem vômitos, diarréia e hemorragia interna e externa.
Somando-se aos riscos, os médicos nigerianos estão em greve por melhores condições de trabalho e salários. O presidente da Associação Médica Nigeriana, Tope Ojo, foi citado na mídia local no sábado dizendo que a greve não seria interrompida apesar da ameaça do ebola.
Aeroportos, portos marítimos da Nigéria e fronteiras terrestres estão sob "alerta vermelho" desde sexta-feira.
A Libéria fechou a maioria de seus postos de fronteira no domingo e introduziu medidas de saúde rigorosas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse em um comunicado que o avião de Sawyer fez escala em Lomé, no Togo, a caminho de Lagos.
"A OMS está enviando equipes para a Nigéria e para o Togo para acompanhar os trabalhos de rastreamento dos contatos, em especial, dos contatos que ele pode ter tido a bordo do avião", disse o porta-voz da OMS Paul Garwood.
A OMS disse na semana passada que o seu diretor regional para África, Luís Sambo, estava em viagem para investigar a situação na Guiné, Libéria e Serra Leoa, que têm 1.201 casos confirmados, suspeitos e prováveis.
Um aumento relativo nos casos na Guiné depois de semanas de baixa atividade viral mostrou "as cadeias não detectadas de transmissão existentes na comunidade", disse a OMS, pedindo que medidas de contenção e rastreamento de contatos sejam intensificadas na Guiné.
(Reportagem de Tim Cocks e Oludare Mayowa em Lagos, reportagem adicional de Tom Miles em Genebra)