PEQUIM (Reuters) - As autoridades chinesas esperam alcançar crescimento econômico este ano por meio do consumo e investimentos em alta tecnologia em vez de se apressarem em financiar projetos de infraestrutura desnecessários, disse um influente economista chinês de um dos principais institutos de pesquisa do país.
Cai Fang, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse à Reuters em entrevista que o governo aprendeu suas lições com o enorme estímulo implementado em 2008 para combater a crise financeira global, que levou a um aumento da dívida.
"No passado, deixávamos os projetos avançarem, mesmo que não atendessem ao requisito de investimento, porque sentíamos que deveríamos empregar forte estímulo", disse ele.
Pela primeira vez desde 2002, a China deixou de divulgar este ano uma meta de crescimento anual, refletindo uma postura mais cautelosa em meio às incertezas provocadas pela crise do coronavírus e à tensão com os Estados Unidos.
O governo seria a favor de gastos em infraestrutura, mas será dada prioridade aos investimentos nos chamados novos setores de infraestrutura, com os quais o governo conta para a próxima onda de avanços científicos, como o 5G. Além disso, o foco estará no consumo, que se tornou o motor do crescimento do Produto Interno Bruto.
Cai disse que uma segunda onda de infecções por coronavírus é possível e que medidas de controle podem entrar em vigor para o longo prazo.
Mas ele também estava otimista de que a economia da China atingiu o fundo do poço depois que o vírus interrompeu a maioria das atividades empresariais no primeiro trimestre, quando a economia recuou 6,8%.
(Por Yawen Chen e Ryan Woo)