SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica brasileira iniciou o ano com retração de 0,11 por cento em janeiro sobre o mês anterior, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira, num prenúncio do ano difícil à frente do governo da presidente Dilma Rousseff.
"Esta leitura vai em linha com a tônica da desaceleração econômica esperada para o ano. Com ajuste fiscal, restrição monetária e operação Lava-Jato em curso, reduzindo investimentos e produção, além de todas as incertezas quanto ao fornecimento de energia elétrica e água, a queda deve ser maior, rumando aos -1,5 por cento que projetamos para a variação do PIB", avaliou a consultoria Rosenberg & Associados em nota.
Ainda assim, a contração de janeiro do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC --considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB)-- foi menor do que a queda de 0,57 por cento em dezembro sobre o mês anterior, em resultado revisado pelo BC após divulgar anteriormente recuo de 0,55 por cento.
Com essa revisão, o quarto trimestre de 2014 fechou com recuo de 0,22 por cento em relação aos três meses anteriores segundo dados dessazonalidados, pior do que a contração de 0,15 por cento divulgada antes.
Desse modo, para todo o ano de 2014, o indicador passou a mostrar que a economia brasileira teve retração de 0,13 por cento, ante contração de 0,12 por cento divulgada anteriormente, segundo os dados do BC.
Analistas consultados pela Reuters esperavam avanço de 0,01 por cento na comparação mensal em janeiro, de acordo com a mediana das projeções.
A economia brasileira teve desempenho pífio durante todo o ano de 2014, prejudicada pela baixa confiança de empresários e consumidores diante da inflação alta e juros elevados. O IBGE divulga o PIB do quarto trimestre no dia 27 de março.
O desempenho em 2015, entretanto, deve ser ainda pior, com analistas dando como certa uma contração no ano. A produção industrial, um dos maiores pesos sobre a atividade, teve alta de 2,0 por cento em janeiro, melhor resultado mensal desde junho de 2013, porém insuficiente para recuperar as perdas anteriores.
As vendas no varejo, anteriormente destaque da economia brasileira, também tiveram alta no primeiro mês do ano, de 0,8 por cento, mas insuficiente para compensar a forte queda vista no fim do ano passado e que não afasta o cenário de fragilidade do setor.
Na comparação com janeiro de 2014, o IBC-Br caiu 1,34 por cento, e em 12 meses teve variação negativa de 0,39 por cento.
Pesquisa Focus do BC mostra que a expectativa do mercado é de que em 2015 o PIB vai registrar contração de 0,78 por cento.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.
(Por Camila Moreira)