Investing.com - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira em 0,75 p.p. a taxa Selic, que passa a ser de 12,25%, sem viés. O corte veio em linha com o previsto pela maioria dos analistas do mercado e mantém o ritmo de redução iniciado em janeiro quando a taxa caiu de 13,75% para 13%.
Em comunicado após a reunião do Copom, o diretores do banco reafirmam as preocupações com o cenário externo, classificado como "bastante incerto", citando o impacto da valorização das commodities sobre a economia brasileiras. Essa incerteza externa poderá dificultar o processo de desinflação.
A maior oferta de alimentos neste ano terá um efeito positivo sobre os preços, reduzindo a expectativa de inflação, que ainda de acordo com o comunicado, segue com comportamento favorável com a redução do ritmo de alta do preços abrangendo mais itens, especialmente aqueles afetados pela recessão e alta dos juros.
Contribuiu ainda para a queda a visão mais pessimista sobre a economia, que segue mais recessiva e retomada mais lenta do que o anteriormente previsto.
Parte dos analistas estava mais otimista e apostava em uma correção ainda maior da Selic, na casa de 1 p.p.. Até o anúncio de hoje, o juro real do país flutuava próximo aos 8% a.a., ampliado pela forte queda na inflação desde o final no ano passado. Esse espaço entre a taxa e a inflação em forte queda aumentou as apostas do mercado - e a pressão do governo - sobre um possível aprofundamento no ritmo de baixa.
O IPCA-15 de fevereiro divulgado hoje veio ligeiramente acima das expectativas e o acumulado de 12 meses ficou em 5,02%. A expectativa do mercado é que a inflação cede abaixo da meta de 4,5% no final do ano. Os analistas Top 5 do Boletim Focus apostam em 4,1%.
A expectativa do mercado é que a Selic seja reduzida gradativamente até alcançar o patamar de 9,5%.
O DI negociado para janeiro do próximo ano cedeu nesta quarta-feira de 10,485% para 10,465%, na expectativa do corte da Selic.
Primeiro ciclo de redução desde 2012
O Banco Central comandado por Ilan Goldfajn cortou hoje pela quarta vez consecutiva a taxa de juros do país, que cedeu dos 14,25% na reunião de outubro até os 12,25% anunciados hoje. Esse é o primeiro ciclo de redução da Selic desde 2012.
Foram realizados dois cortes de 0,25 p.p., em outubro e dezembro; seguidos por dois cortes de 0,75 p.p. em janeiro e nesta quarta-feira (22/2). A próxima reunião está marcada para os dias 10 e 11 de abril.
No ciclo anterior, a última redução na taxa foi feita pela diretoria liderada por Alexandre Tombini em outubro de 2012, quando a Selic chegou a 7,25%, o menor patamar histórico desde a implantação do Plano Real.
À época pairavam dúvidas sobre a independência do Banco Central em tomar suas decisões sobre taxa de juros. Diversas vezes, ministros do governo e a própria presidente Dilma Rousseff pressionaram publicamente pela redução de taxas, apesar da inflação não convergir para a meta de 4,5% e com represamento de reajustes de preços controlados como gasolina, diesel e energia elétrica.
O BC conseguiu manter por apenas quatro reuniões a taxa de juros a 7,25% tendo que dar início ao primeiro ciclo de alta encerrado em abril de 2014 a 11%. Com a proximidade do conturbado período eleitoral de 2014, o Copom foi criticado por não seguir com o ajuste e adiar novas altas por quatro reuniões, até dar início ao segundo ciclo, em outubro, apenas três dias após a reeleição de Dilma Rousseff. Nesta nova fase, a Selic alcançou os 14,25% em julho de 2015, patamar que permaneceu até o início do ciclo atual de cortes em agosto passado.
Atualizada às 18h29 para acréscimo de informação