Por David Milliken e Andy Bruce
LONDRES (Reuters) - O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) surpreendeu os mercados financeiros nesta quinta-feira, informando que três dos seus votantes apoiaram um aumento da taxa de juros, votação mais apertada desde 2007, apesar dos sinais de uma desaceleração na economia do Reino Unido.
Ian McCafferty e Michael Saunders se juntaram a Kristin Forbes, defensora do aumento da taxa de juros, que permaneceu em 0,25 por cento.
O presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, e outros quatro integrantes do Comitê de Política Monetária votaram por deixar a taxa de juros inalteradas.
A libra esterlina avançou em relação ao dólar norte-americano e os rendimentos dos títulos do governo britânico de 10 anos subiram depois da notícia, que ocorre apenas uma semana depois que a primeira-ministra Theresa May não conseguiu garantir maioria parlamentar em uma eleição instantânea.
Os economistas entrevistados pela Reuters esperavam apenas que Forbes - cujo mandato termina no final do mês - daria suporte para o aumento dos juros, dados os sinais claros de desaceleração do crescimento econômico nos primeiros três meses de 2017.
"É surpreendente que três integrantes tenham votado por uma alta desta vez, dado que há sinais de que o período de crescimento econômico mais fraco é duradouro, e tivemos mais evidências nesta semana de crescimento salarial mais suave", disse Philip Shaw, economista da Investec.
O BoE disse na quinta-feira que o salto da inflação no mês passado para 2,9 por cento significou que provavelmente a taxa deve ultrapassar 3 por cento neste outono - maior do que a previsão do BoE há apenas algumas semanas e bem acima do seu objetivo de inflação de 2 por cento.
Além disso, uma queda na libra após a eleição da semana passada poderia provocar um aumento dos preços, disse o banco central.
A economia da Grã-Bretanha teve o pior desempenho entre as sete principais economias avançadas do mundo no primeiro trimestre deste ano, já que o efeito da maior inflação alcançou os consumidores em um momento de crescimento salarial lento.
(Luiz Gerbelli)